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Homenagem a um homem simples, delicado e comunicativo: Joaquim Barbosa na Lourinhã

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Há dias desapareceu da nossa vista um grande amigo, um Lourinhanense, um membro do ‘Grupo dos Trinta e Um’ que tanto colaborou no restauro do Convento de Santo António, agora o Centro Pastoral da Lourinhã. Falo do Sr. Joaquim Barbosa. Homem de todos conhecido na Lourinhã.

Conheci-o há 32 anos quando vim para pároco da Lourinhã. O Barbosa que trabalhava no Tribunal da Comarca da Lourinhã e a sua esposa, Rosa Brito, que trabalhava na Conservatória de Registo Predial… Pessoas muito conceituadas e prestáveis que, na altura, com muitas outras, constituímos o grandioso ‘Grupo dos Trinta e Um’ que na década de 90 levámos por diante o Restauro do Convento e Igreja de Santo António. Éramos muitos (homens e mulheres) a ajudar na angariação de fundos. Organizámos muitas e variadas actividades populares, desde o grande Cortejo de Oferendas; noites de Fado nas Escadinhas do Castelo; as noites de Santo António e foi aí que as Marchas Populares na Lourinhã nasceram.

Joaquim Barbosa, homem muito social que se envolveu em colaboração com muitas instituições. Por isso foi membro dos órgãos sociais de associações do concelho, nomeadamente da Associação Musical e Artística Lourinhanense (AMAL), Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários da Lourinhã, Sporting Clube Lourinhanense, Santa Casa da Misericórdia da Lourinhã, membro fundador da ADAPECIL e membro da Irmandade de Nossa Senhora dos Anjos.

A família, nos agradecimentos de pesar, refere: “Ficámos sem um marido dedicado, um pai extremoso, um avô afável, um sogro generoso, um irmão atento, um homem com um coração de ouro, solidário, atento e activo na sua comunidade”.

Nesta nobre qualidade de cidadão empenhado em causas comuns sociais e culturais, lembra-me o que nos diz Papa Francisco na Laudato Si, (LS 156): «O amor à sociedade e o compromisso pelo bem comum são uma forma eminente de caridade, que toca não só as relações entre os indivíduos, mas também «as macro relações como relacionamentos sociais, económicos, políticos». Por isso, a Igreja propôs ao mundo o ideal duma «civilização do amor». O amor social é a chave para um desenvolvimento autêntico: «Para tornar a sociedade mais humana, mais digna da pessoa».

Esta passagem do Barbosa para a outra margem da Vida leva-me a lembrar a Exortação do Papa Francisco “Alegrai-vos e Exultai”: «Ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos tendo em conta a complexa rede de relações interpessoais que se estabelecem na comunidade humana: Deus quis entrar numa dinâmica popular, na dinâmica dum povo. Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir. Nesta constância de continuar a caminhar dia após dia, vejo a santidade da Igreja militante. Esta é muitas vezes a santidade «ao pé da porta», daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus» (GE 6 e 7). Devemos valorizar os (muitos) santos “ao pé da porta”, homens e mulheres que mau grado as suas fraquezas procuraram ser fiéis aos seus compromissos, como membros de uma família, como cristãos, como profissionais, como cidadãos, como pessoas. Devemos, pois, valorizar os que discretamente dão um testemunho indelével e deixam um legado extraordinário nos movimentos, nas diversas estruturas e serviços das comunidades.

O Barbosa, aos 79 anos, deixa-nos vivo o seu testemunho de homem simples, muito delicado, comunicativo e alegre, prestável e solidário nos compromissos sociais. Um amigo.

Pe. Joaquim Batalha