Linha de alta velocidade Leiria/Lisboa em consulta pública abrange ligações a partir da Linha do Oeste
- Categoria: Oeste
- 18/02/2025 14:43
A viagem de comboio entre Leiria e Lisboa em linha de alta velocidade vai ter a duração de 36 minutos, segundo o estudo de impacto ambiental do troço Soure-Carregado, em fase de consulta pública. “Nas ligações com paragens, [há] redução significativa dos tempos de viagens entre as cidades com estações (Porto, Gaia, Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa). Exemplificando com as ligações a Lisboa e ao Porto, Leiria passará a ter 50 minutos de viagem na ligação ao Porto e 36 minutos na ligação a Lisboa”, refere o resumo não técnico do estudo.
O documento está, até 21 de Março, em consulta pública, na plataforma na Internet participa.pt, e indica que, “em termos de valores de tráfego, preveem-se 52 passagens de comboio (tráfego diário nos dois sentidos)”, a alcançar em 2031. Por exemplo, 17 referem-se à ligação Porto-Lisboa sem paragens e nove Porto-Lisboa com paragens. Porto-Caldas da Rainha (só entre Soure e Leiria, nove), Figueira da Foz-Lisboa (só entre Lisboa e Leiria, oito), pela Linha do Oeste, e Guarda-Lisboa (nove passagens).
O resumo assinala o “reforço da centralidade regional de Leiria e da Marinha Grande resultante da nova estação de Leiria”, além de aspectos em áreas como o emprego, alterações climáticas ou oferta de transporte ferroviário. Por outro lado, observa que a não construção do projecto evita, por exemplo, a expropriação de 76 habitações, além de espaços empresariais, agrícolas e florestais.
Ainda no que diz respeito aos impactos negativos, estes estão sobretudo “relacionados com a fase de construção e a ocupação do solo pela implantação da via, efeito de barreira e afectação que produz na sua envolvente, em termos de perturbação do ambiente socioeconómico, qualidade de vida e actual enquadramento visual”. “Ainda que sejam em parte impactos permanentes, são, contudo, minimizáveis com medidas adequadas”, esclarece o estudo, que faz uma análise, por trechos, de vários aspectos, desde a geologia aos recursos hídricos, da qualidade do ar ao ruído e vibrações, assim como à flora e fauna e ordenamento do território.
O documento elenca ainda as alternativas de traçado mais favoráveis, que, de modo genérico, são as que afectam menor área de solos agrícolas ou não têm implicações com recursos hídricos subterrâneos e que implicam menos expropriações de habitações, edifícios empresariais e anexos.
Menor extensão de traçado, menos afectação de habitats naturais de áreas de reservas agrícola e ecológica nacional, por exemplo, pesaram também na escolha da solução mais favorável. “Com base nas avaliações realizadas e nos impactos comparados da alternativa zero (sem projecto), conclui-se, objectivamente, que o projecto é positivo e apresenta viabilidade ambiental, para qualquer uma das alternativas estudadas”.
Já a alternativa zero, “inviabiliza a concretização dos seus efeitos pretendidos, positivos, significativos a muito significativos, no emprego e economia local, na mobilidade e nos transportes de passageiros e mercadorias no eixo Lisboa-Porto, na intermodalidade, na libertação de capacidade da Linha do Norte para o transporte de mercadorias, no incremento do transporte ferroviário em detrimento de modos ambientalmente menos sustentáveis, e no contributo para a redução de emissões de carbono”.
Segundo o resumo não técnico do estudo de impacto ambiental, encomendado pela Infraestruturas de Portugal, “na fase de projecto de execução, a opção pelas alternativas socialmente menos gravosas, a optimização de soluções de projecto que evitam ou reduzem impactos (túneis, viadutos e pontes) e a implementação de outras medidas de mitigação permitirá reduzir a significância dos impactos”. Mas esta redução dependerá, sobretudo, das medidas de compensação, que “deverão ser justas e socialmente sustentáveis”, para que “os afectados fiquem, no mínimo, numa situação equivalente à que tinham antes da implementação do projecto”.