Canadá necessita de nova vaga de imigração portuguesa para manter língua e cultura ativas conclui investigador
- Sociedade
- 12/05/2023 17:45
Um docente português no Canadá defendeu hoje a necessidade de uma nova vaga de imigração portuguesa para o Canadá como “importante para se manter activa a língua e cultura portuguesa no país”. “Tem-se assistido a uma certa diluição do uso da língua materna portuguesa. Só aproximadamente 53,7 por cento (240.680) dos portugueses no Canadá declaram a língua portuguesa como materna”, afirmou José Carlos Teixeira.
Dados do recenseamento de 2021 revelam que cerca de 448 mil dos inquiridos declararam ser de origem étnica portuguesa. O professor catedrático de geografia da Universidade da Colúmbia Britânica lamentou que quase “metade da comunidade não fale português” (cerca de 207,625), fruto da “assimilação das novas gerações”. “Os restantes 46,3 por cento não falam português, já não o utilizam esta língua. Isso é o resultado da integração, alguns dirão que é fruto da assimilação das novas gerações”, sublinhou. Daí que seja necessário “a longo prazo" que a imigração portuguesa para o Canadá possa aumentar. “Os novos portugueses que cá vão chegar, serão importantes para a manutenção da língua portuguesa, os próprios bairros portugueses, a utilização dos serviços, do comércio”, adiantou.
José Carlos Teixeira, no Canadá desde 1978, justificou que “este é um país de imigração”, pois acredita na integração de todos, tendo adoptado uma “política de multiculturalismo” e “qualquer imigrante que chegue ao país não é obrigado a assimilar os padrões socioculturais do Canadá”. Por outro lado, o docente, admitiu estar confiante nas gerações mais novas que estão a “redescobrir Portugal”. “Não é só futebol que liga e atrai cada vez mais os jovens. É o futebol, é a música, são as visitas que muitos pais fazem a Portugal. Até mesmo na universidade, os estudantes que tenho, mostram um imenso interesse por Portugal. Nem que seja para visitar onde o pai ou a mãe nasceram, mas também para fazer turismo e conhecer a terra dos seus antepassados”, destacou.
Numa altura em que a imigração oficial portuguesa para o Canadá está a assinalar o 70.º aniversário, a segunda e terceira gerações “estão-se a integrar bem, não só no mercado de trabalho, mas no ponto de vista social e cultural, fazem parte integrante deste complexo, mas rico mosaico cultural, que caracteriza o Canadá”.
Inserido nas celebrações da efeméride estão previstos vários eventos, com o ponto forte este fim de semana em Toronto, com a cerimónia no Passeio da Fama para Luso-Canadianos, concerto com Mariza, no sábado, e a ‘Festa’, evento que terá lugar na praça da Câmara Municipal de Toronto, tendo como atracções principais as actuações de Pedro Abrunhosa e Bárbara Bandeira.
Em 1952 Portugal e o Canadá após assinarem um acordo bilateral iniciaram oficialmente relações diplomáticas, que permitiu no ano seguinte (13 de Maio de 1953), aos Pioneiros, atracarem a bordo do navio Satúrnia, no porto de Halifax, na costa leste do Canadá. No entanto, desde o século XV que há registo da presença portuguesa no país, desde os navegadores João Fernandes Lavrador a Gaspar Corte Real. Em 1600 a primeira pessoa de cor de que há registo no Canadá, Mathieu da Costa, era provavelmente de origem portuguesa, em 1705 Pedro da Silva, na Nova França (Quebeque) foi a primeira pessoa a transportar correspondência no Canadá. No oeste do Canadá, em 1870, o ‘Portuguese Joe’ chegou onde hoje é Vancouver, um dos primeiros exemplos de miscigenação com as Primeiras Nações de que há registo no Canadá.