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Associação ANP/WWF lança petição para remoção de barreiras em rios

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A associação ambientalista ANP/WWF lançou hoje uma petição pública para pedir ao Governo prioridade na remoção de barreiras desnecessárias em rios e atenção ao restauro fluvial.

Na petição, a Associação Natureza Portugal, em associação com a internacional 'World Wildlife Fund for Nature' (WWF), justifica a iniciativa afirmando que em Portugal existem muitas barreiras fluviais obsoletas que estão a impedir o fluxo natural dos rios, bem como a migração de várias espécies de peixes, muitas delas ameaçadas de extinção.

Estas barreiras têm um impacto muito negativo no funcionamento dos ecossistemas ribeirinhos e na qualidade da água, com implicações na saúde e bem-estar das pessoas. Removê-las é a forma mais rápida de devolver natureza aos rios”, diz-se na petição, que apela ao Governo para que dê “a prioridade e urgência necessárias” ao restauro fluvial, através da remoção de barreiras fluviais obsoletas.

Ruben Rocha, coordenador na área da água na ANP/WWF, citado num comunicado da instituição, afirma que a remoção de barreiras fluviais é a forma mais eficaz e menos dispendiosa de restaurar de forma permanente o funcionamento dos ecossistemas. E acrescenta que o Governo tem de ver o restauro fluvial como uma prioridade se quer estar em linha com a Estratégia para a Biodiversidade 2030, que prevê que sejam libertados pelo menos 25.000 quilómetros de rios na Europa.

A ANP/WWF nota que o lançamento da petição acontece no mesmo dia em que a associação inicia a primeira remoção de uma barreira fluvial obsoleta, o açude de Galaxes, no concelho de Alcoutim, que vai permitir restaurar a conectividade fluvial de 7,7 quilómetros da Ribeira de Odeleite.

A WWF lembra que tem alertado para o facto de dois terços dos maiores rios mundiais estarem impedidos de correr livremente devido a barreiras, o que leva a “consequências catastróficas para a natureza”.

A biodiversidade da água doce está a sofrer um declínio de cerca de 84% nas suas espécies desde 1970, com um terço dos peixes de água doce actualmente ameaçados de extinção, alerta. E diz ainda que em Portugal, o Grupo de Trabalho do Conselho Nacional da Água publicou em 2017 um levantamento sobre barreiras obsoletas que devem ser removidas, uma vez que já não cumprem qualquer função, sem que pouco tenha sido feito.

Em 2021, Espanha removeu um total de 108 barreiras, enquanto Portugal removeu apenas uma das mais de 8.000 barreiras obsoletas conhecidas, salienta a WWF. Em maio do ano passado, um relatório indicava que a remoção de barreiras em rios da Europa teve em 2021 um aumento de 137% em relação a 2020, mas que Portugal registou uma “evolução muito abaixo dos restantes países europeus”. O relatório anual 'Dam Removal Europe' mostrou que foram removidas pelo menos 239 barragens em 17 países europeus, a maior parte delas de pequena dimensão e 24% superiores a dois metros. A WWF dizia na altura que há na Europa pelo menos 150.000 barreiras antigas, obsoletas e sem propósito que bloqueiam o curso livre dos rios europeus.

Texto: ALVORADA com agência Lusa