Desabafos: Dr. José Carlos Ramos
- Opinião
- 17/07/2020 12:17
Tinha acabado de ser colocado como Clínico Geral na, então, recém elevada a Cidade de Torres Vedras, quando em Julho de 1982 (há precisamente 38 anos) conheci o Dr. José Carlos Ramos.
Nunca tinha ido a Torres e era importante saber alguma coisa sobre o local onde iria trabalhar. Dirigi-me ao Hospital da Misericórdia e, à porta do Serviço de Urgência, que na altura era do lado direito da porta principal do edifício, lá estava ele, de cigarro na mão. Foi uma amizade à primeira vista.
- “Vem, vem que isto aqui é porreiro”.
Eu fiquei colocado em Torres (Maxial) ele na Lourinhã.
Mais tarde, em 1998, fui trabalhar para a Lourinhã e tive oportunidade de conviver diariamente com ele até à sua reforma em 2011.
Homem simples e directo e, por vezes até (para quem não o conhecia) aparentemente rude no trato, era, no entanto, um coração de manteiga derretida, carinhoso e embevecido com as crianças e amado pela generalidade dos seus utentes.
Exerceu a sua actividade sempre na Lourinhã, onde foi Director do Centro de Saúde e Autoridade de Saúde e, acima de tudo, Médico de Família.
Morreu aos 68 anos de idade, deixando em quem lidou directamente com ele, uma dor profunda e uma saudade imensa.
Eu tive o privilégio de ter sido seu Amigo.
Até um dia, Zé.
João Henrique Farinha