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Autarcas lutam pela manutenção do Polo de Saúde em Campelos

uniao de freguesias de campelos e outeiro

A Assembleia da União das Freguesias de Campelos e Outeiro da Cabeça (UFCOC) aprovou uma moção em que exige que o posto médico se mantenha em funcionamento na vila campelense com a entrada em funcionamento da Unidade de Saúde Familiar no Ramalhal. O documento enviado ao ALVORADA, aprovado por unanimidade, teve em conta o anúncio da futura USF que irá servir as populações das freguesias de Ramalhal, de Campelos e Outeiro da Cabeça, e do Maxial e Monte Redondo. A primeira pedra para a construção do edifício que receberá esta unidade foi lançada no passado dia 4 de Julho e a autarquia campelense esclarece que “não estamos contra uma Unidade de Saúde Familiar no Ramalhal, estamos contra o seu funcionamento sem polos”.

A moção da Assembleia de Freguesia da UFCOC refere, a propósito, que os utentes que se deslocaram ao Posto Médico ou Polo de Campelos, da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) de Torres Vedras, foram sendo informados que futuramente e em breve passariam a ter de se deslocar a Ramalhal, porque este polo será encerrado. “Perante esta informação a população de Campelos e localidades próximas sentindo-se indignada fez uma pequena manifestação em frente ao Posto Médico, e iniciou um abaixo-assinado contra o encerramento deste polo”, recordam os autarcas.

Para debater este problema e obter melhor informação realizou-se a 28 de Julho uma reunião entre a Junta de Freguesia de Campelos e Outeiro da Cabeça e a direcção-executiva do ACES -Agrupamento dos Centros de Saúde Oeste Sul, liderada por António Martins, onde ficou acordado a realização de uma nova reunião no dia 25 de Agosto com a presença da Junta de Freguesia, dos membros da Assembleia de Freguesia e de três a quatro pessoas da população. O encontro realizou-se na sede da instituição pública, em Torres Vedras, entre a delegação de Campelos e a presidente do Conselho Clínico do ACES Oeste Sul, Nídia Santos, acompanhada de duas médicas, entre as quais a que concorreu para a futura USF do Ramalhal. “Após a apresentação do funcionamento da futura Unidade de Saúde Familiar, e de várias intervenções dos presentes, ficámos a saber que o Posto Médico, ou Polo de Campelos é para encerrar, bem como o de Maxial, não há abertura para a existência de Polos ligados à Unidade de Saúde Familiar, apesar de durante vários anos responsáveis do ACES dizerem que estes se manteriam abertos”, revela a moção.

Ainda de acordo com a autarquia de Campelos, “fomos informados de que a partir do final de Outubro ou início de Novembro, os utentes dos Postos ou Polos de Campelos e Maxial passariam a ser atendidos numas instalações provisórias na antiga escola do Ramalhal, e para facilitar as deslocações haverá um autocarro, cedido pela Câmara a circular pela área geográfica abrangida por estes polos”. “Com esta posição clara para o encerramento do Posto médico, ou Polo de Campelos os representantes da população realizaram uma manifestação em frente a este polo, com a recolha de mais assinaturas contra o seu encerramento, cuja reportagem passou em canais de televisão, e manifestaram a intenção de continuar a lutar para impedir o encerramento do polo”, recorda a instituição campelense.

O problema acentuou-se para os autarcas de Campelos quando, ao pretenderem consultar informação na internet para a elaboração da moção, o Bilhete de Identidade dos Cuidados de Saúde Primária (BI_CSP) da UCSP de Torres Vedras do Serviço Nacional de Saúde (SNS), “fomos confrontados com a inexistência dos Polos de Campelos e Maxial, quando, ao que se sabe, ainda não está legalmente constituída a USF do Ramalhal, e isso também não nos foi transmitido na reunião realizada no ACES. É mentira, porque o polo está a funcionar, é incompreensível, e inaceitável que deem como um facto a extinção destes polos, quando ainda não há USF constituída, permitindo fazer uma leitura de haver entre vários organismos do Ministério da Saúde um complot para a criação da USF do Ramalhal sem polos, e não acreditamos que seja um erro, seria coincidência a mais”.

Para a Assembleia de Freguesia da UFCOC, “se tínhamos dúvidas ficámos com certezas, todo este processo está a ser elaborado nas costas das autarquias, nomeadamente as freguesias”. E mais: “sabendo-se que nos concelhos limítrofes de Lourinhã e de Mafra, bem como noutros concelhos do Oeste, e no país, há várias USF em funcionamento com polos, não entendemos porque no concelho de Torres Vedras, não há, e não se constituem, polos ligados às USF”.

O posto médico ou polo de Campelos funciona em instalações próprias, executadas sob a sua orientação e adquiridas pela ARSLVT - Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, inauguradas em 1993, que podem estar a necessitar de obras, uma vez que não houve mais intervenções, “mas não será esse o impedimento para o funcionamento do polo, ligado à USF do Ramalhal”. “Mesmo depois de ‘empurrarem’ para a Lourinhã utentes residentes a 500 metros do posto médico/Polo de Campelos, por pertencerem a outro concelho, mesmo depois de muitos utentes terem sido ‘arrastados’ pelos seus médicos que estiveram em Campelos e foram para outros locais, ainda há 2.300 utentes inscritos em Campelos, o que justifica plenamente que sejam os serviços de saúde a deslocarem-se não o inverso”. Esclarece a autarquia que são sobretudo os doentes crónicos e os mais idosos que têm mais dificuldade de deslocação, pelo que “é sobretudo a pensar nestes utentes que deve continuar o Polo de Campelos, mas também há que pensar na comunidade imigrante que continua a crescer, tem muitas dificuldades por não saber falar português, e também não tem meios de transporte”.

A moção foi enviada pela presidente da Assembleia de Freguesia da UFCOC, Elsa Paulo Matias, e pelo presidente do executivo, José Damas Antunes, à Câmara Municipal e Assembleia Municipal de Torres Vedras, ACES Oeste Sul, ARSLVT, Direcção-Executiva do SNS e Ministério da Saúde.

Texto: ALVORADA