Mercado Medieval de Óbidos recria escândalo do século XIII numa guerra entre rainhas
- Oeste
- 10/07/2023 21:38
O Mercado Medieval de Óbidos, que está de regresso de 20 a 30 de Julho, tendo este ano como tema a disputa entre as rainhas Dª Matilde II e Dª Beatriz de Castela, ambas casadas com D. Afonso III, naquele que foi o escândalo de bigamia do século XIII. Segundo reza a história, Dª Matilde II, a repudiada, exercia forte influência junto da cúria de Roma e só após a sua morte, e o nascimento dos filhos de Dª Beatriz, o casamento se tornou reconhecido. Esta é a base de uma história que os visitantes poderão apreciar e viver, no Mercado Medieval de Óbidos. Recorde-se que em 1248, D. Afonso III sucedeu ao curto e conflituoso reinado do seu irmão, o Rei D. Sancho II, após uma revolta apoiada pela sua esposa, Dª Matilde II, Condessa de Bolonha, que tinha muita influência junto do Vaticano. Após algum tempo de casamento e sem filhos, D. Afonso III repudiou a rainha publicamente e casou-se com Beatriz de Castela. O escândalo levou a intrigas e polémicas que vão ser “recriadas” no Mercado Medieval de Óbidos.
Em comunicado enviado ao ALVORADA, o Município de Óbidos informa que uma das grandes novidades é a experiência exclusiva que permite ao visitante integrar a Corte do Rei e, com isso, poder assistir ao casamento de D. Afonso III e de Dona Beatriz de Castela e à sua coroação. “Cada comensal poderá participar nesta recriação histórica de perto, tendo acesso exclusivo ao Banquete Real e experimentando toda a euforia e ostentação desta cerimónia de forma privilegiada”, refere a edilidade obidense.
O evento terá, ainda, mais associações envolvidas. Ao todo, são 19 tabernas no recinto com iguarias da Idade Média e de Óbidos, asseguradas pelas colectividades de todas as freguesias do concelho. Outras associações se apresentam com novas formas de participar, como a associação Óbidos Hub que vai apresentar, pela primeira vez, os ‘Aguadeiros de El'Rei’, ou seja, um grupo de ‘contrabandistas’ que venderão bebidas de forma ambulante, “especialmente cerveja, como se fosse algo muito bom, raro de encontrar e ilegal”, dizem. A Associação Espeleológica de Óbidos será responsável pelo Acampamento Civil e Militar da Guarda do Alcaide, com quatro áreas distintas, nomeadamente cozinha medieval em ambiente de acampamento, ofícios de carpintaria, ferreiro, couros e mercador, área pedagógica com exposição de armas, alusiva ao reinado de D. Afonso III, e área lúdica com diversas actividades militares medievais adequadas para crianças. Por seu lado, a Associação Josefa de Óbidos estará no aluguer de trajes e ao serviço dos Banquetes Reais, sendo que a associação Bordar Óbidos estará no Mercado Medieval com artesãos a fazer grinaldas de flores secas. Haverá ainda um acampamento Civil e Militar, na Praça de Santa Maria, com exposição de armas e carreira de tiro com arco, pela Nostra Collegiorum
Residência Artística e esculturas ao vivo no certame medieval
A entidade ‘Ofícios com História’, que tem feito assessoria e consultoria histórica com Óbidos, quis, este ano, aprofundar o processo convencional de formação, para poder ir ao encontro das necessidades de excelência do Mercado Medieval de Óbidos. Nesse sentido, foi criada uma Residência Artística com programas que visam o desenvolvimento dos artistas. Em Óbidos o objectivo é construir uma equipa mais profissional em que o objecto de acção seja, precisamente, 'A Guerra das Rainhas', o tema deste ano do Mercado Medieval de Óbidos.
O evento terá, igualmente, nesta edição, a escultura de figuras em alto-relevo ao vivo. Em continuidade à história da Casa das Rainhas, e após a obra de D. Urraca de Castela, esculpida por Carlos Oliveira durante o Mercado Medieval de Óbidos de 2022, decorre a construção da obra 'A Guerra das Rainhas'. Estão figuradas as rainhas Matilde II, Condessa de Borgonha, e Beatriz de Castela, e a representação da razão da sua discórdia, D. Afonso III. Esta reconstrução de um ateliê medieval de escultura ao vivo destas duas rainhas albergará, ao longo do Mercado Medieval deste ano, a construção completa da obra, desde a estrutura em madeira ao projecto de ampliação da escultura final. Carlos Oliveira estará a trabalhar ao vivo com todas as ferramentas à época, com a colaboração de dois artistas plásticos.
Nos 11 dias do Mercado Medieval estará ainda patente, no recinto, a exposição ‘Embaixadores da Natureza’, composta por diversas aves de rapina, como corujas, falcões, águias e mochos. Esta mostra será acompanhada por artigos de artesanato relacionados com a prática de falcoaria. Quatro pessoas serão responsáveis pela manutenção, segurança, bem-estar das aves.