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Parlamento lamenta morte de historiador oestino João Bonifácio Serra

Assembleia da Republica

O Parlamento aprovou hoje por unanimidade um voto de pesar pelo falecimento do ex-assessor de Jorge Sampaio e historiador João Serra, aos 73 anos, saudando a sua “dedicação à causa pública e cultura”.

No voto de pesar, apresentado pelo PS, salienta-se que João Bonifácio Serra nasceu em 1949 em Carvalhal Benfeito, no concelho das Caldas da Rainha, tendo-se licenciado em História na Faculdade de Letras de Lisboa. Na década de 1970, refere-se que Bonifácio Serra começou a sua actividade como docente em Castelo Branco, “vindo mais tarde a leccionar em Lisboa, no liceu Padre António Vieira”.

No que se refere à sua militância, o Parlamento salienta que Bonifácio Serra “iniciou cedo a sua intervenção cívica e política ainda durante a ditadura, integrando a CDE”, e, a seguir ao 25 de Abril, “militou inicialmente no Movimento de Esquerda Socialista (MES)”. No texto, sublinha-se que, posteriormente, Bonifácio Serra aderiu ao PS em 1989, aquando da eleição do ex-presidente Jorge Sampaio como secretário-geral do partido. “Após a eleição de Jorge Sampaio para a Presidência da República seria consultor da sua Casa Civil (1996-2004), tendo de seguida exercido funções como Chefe da Casa Civil entre 2004 e 2006”, destaca-se.

Depois de ter exercido essas funções, o voto de pesar indica que João Serra foi, entre 2009 e 2011, vogal do Conselho de Administração da Fundação Cidade de Guimarães, tendo depois presidido a essa fundação entre 2011 e 2013, quando Guimarães foi Capital Europeia da Cultura, em 2012.

No voto de pesar, destaca-se que, nessas funções, João Serra deixou “a sua marca e proactividade num processo transformador da cidade e valorizador da sua vida cultural”. “Mais recentemente, presidiu ao Conselho Estratégico Rede Cultura, a entidade responsável pela candidatura de Leiria a Capital Europeia da Cultura 2027”, lê-se.

Em termos académicos, o Parlamento assinala que João Serra “deixa um legado de vulto na historiografia do Portugal contemporâneo, com especial ênfase na investigação dedicada ao movimento republicano e à Primeira República”. “Foi investigador no Instituto de Ciências Sociais da Universidade Lisboa, lecionou no ISCTE, na Faculdade de Letras de Lisboa e na Universidade Lusófona, mas seria na sua região natal que deixou uma marca mais vincada”, indica-se.

Em 1989, refere o voto de pesar, João Serra foi um dos fundadores, nas Caldas da Rainha, da Escola Superior de Artes e Design, do Instituto Politécnico de Leiria, “onde seria docente e investigador e onde foi determinante na atribuição, em 2018, da Cátedra UNESCO em Gestão das Artes e da Cultura, Cidades e Criatividade, da qual foi professor titular”.

Membro do Conselho das Ordens Nacionais, foi agraciado pelo Presidente Jorge Sampaio com a Grã-Cruz da Ordem de Cristo e com a Ordem da Liberdade, tendo igualmente sido condecorado com as medalhas de honra das cidades de Caldas da Rainha, de Guimarães e de Leiria”, refere-se.

Neste voto de pesar, o Parlamento “manifesta o seu pesar pelo falecimento de João Bonifácio Serra, saudando a sua dedicação à causa pública e à cultura, e endereçando aos seus familiares e amigos as suas mais sentidas condolências”. Após a leitura do voto de pesar, os deputados prestaram um minuto de silêncio, com familiares de João Serra presentes nas galerias do parlamento. A vice-presidente da Assembleia da República Edite Estrela dirigiu-se aos familiares para salientar que foi colega de universidade de João Serra e teve a oportunidade de privar por diversas vezes com o historiador. “É com grande emoção que estou a presidir neste momento e que assisto a esta votação”, disse.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)