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Berlengas: proposto interesse nacional para fragmento de âncora romana descoberto ao largo de Peniche

Berlengas

A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC) propôs ao Governo dar interesse nacional a um cepo em chumbo de âncora romana descoberto no fundo do mar, junto às Berlengas. Após deliberação favorável do Conselho Nacional de Cultura em Janeiro, este organismo tutelado pelo Ministério da Cultura decidiu propor ao Governo vir a atribuir essa classificação a um cepo de âncora romana em chumbo, proveniente de recolhas arqueológicas subaquáticas realizadas no mar ao largo da Reserva Natural das Berlengas. “O bem em causa corresponde ao maior cepo desta tipologia e época descoberto em território nacional, apresentando, além disso, um estado de conservação notável. É por si só um testemunho da cultura romana em território português com indiscutível importância científica, cultural e patrimonial”, refere a directora-geral, no parecer a que a agência Lusa teve acesso.

O fragmento encontra-se à guarda da DGPC, no depósito do Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática. Em Julho do ano passado, vários especialistas em arqueologia náutica e subaquática requereram a este organismo estatal a classificação do achado. O cepo de âncora, agora submetido a processo de classificação, foi avistado em Julho de 1989 e recolhido em Setembro de 1991 por técnicos do Museu Nacional de Arqueologia, a 25 metros de profundidade. Junto à Reserva Natural das Berlengas foram recolhidos diversos materiais do período romano, nomeadamente cepos de âncoras e ânforas, que levaram os investigadores a realizar várias missões de estudo.

De acordo com os especialistas, a ilha da Berlenga foi utilizada para fundeadouro de embarcações comerciais de médio e longo curso, que percorriam as rotas de ligação entre o Mediterrâneo e os territórios romanos atlânticos. Os investigadores falam da existência, desde esse período, de um ancoradouro na ilha, considerada por isso um ponto estratégico nas ligações entre o Mediterrâneo e o Atlântico, o que explica a descoberta de materiais cerâmicos originários de centros de produção mediterrânicos e lusitanos na ilha. Por esse motivo, o maior conjunto de achados de ânforas, encontrados em meio marítimo, foi recolhido junto às Berlengas, assim como o maior conjunto de cepos de âncora da costa portuguesa, conjuntos que se encontram no Museu Nacional de Arqueologia, no Museu de Peniche e no Centro Nacional de Arqueologia Náutica e Subaquática.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)