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Oeste: novo projecto ambiental para defender águia-bonelli promovido pela SPEA

aguia de bonelli spea

Dois municípios do Oeste - Alenquer e Torres Vedras - integram o novo projecto ambiental para proteger as águias-de-bonelli (ou águias-perdigueiras) no distrito e, com mais incidência, na Área Metropolitana de Lisboa. É hoje apresentado o projecto ‘LIFE LxAquila’, promovido pela SPEA - Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, que pretende juntar comunidades locais, autoridades e conservacionistas. Nesta região, esta espécie, geralmente esquiva, vive excepcionalmente perto das pessoas, e está por isso no limiar da sobrevivência.

“Estas águias vivem extraordinariamente perto das pessoas, o que é muito raro. Por um lado, temos a oportunidade de ver e conviver com esta ave incrível, mas por outro significa que as águias estão no limite da sua tolerância: qualquer perturbação extra pode levá-las a abandonar o território”, frisa Joaquim Teodósio, coordenador do projecto LIFE LxAquila e do Departamento de Conservação Terrestre da SPEA.

A águia-de-bonelli é a mais pequena e discreta das três grandes águias que ocorrem em Portugal. Na Área Metropolitana de Lisboa existem 12 a 14 casais desta espécie, que merecem especial atenção em termos de conservação, por viverem junto a zonas urbanas, estando a maioria fora de áreas protegidas. No projeto LIFE LxAquila, o esforço conjunto para proteger as águias será formalizado numa rede de custódia, unindo proprietários de terrenos privados e entidades públicas, que serão guardiões dos valores naturais da região, e em particular das águias-de-bonelli. Cofinanciado pelo programa LIFE da União Europeia, o projecto é coordenado pela SPEA e junta 13 parceiros, incluindo seis Câmaras Municipais da região.

“Queremos demonstrar que é possível manter as aves e as pessoas a partilhar este território, que se pode compatibilizar a conservação das águias com as atividades humanas”, diz Joaquim Teodósio, acrescentando que “por isso reunimos este vasto leque de parceiros: câmaras municipais, autoridades de ambiente, empresas privadas, gestores florestais, distribuidoras eléctricas, para trabalhar em conjunto com as comunidades, pois todos nós temos um papel na proteção desta espécie”.

A águia-de-bonelli é particularmente sensível à degradação do habitat e à presença humana em redor dos ninhos, pelo que o projecto pretende minimizar alterações drásticas na vegetação e a perturbação durante a época de reprodução, que se estende de Dezembro a Junho. Outras áreas de intervenção do projecto serão a prevenção e combate ao crime ambiental e a correcção de linhas eléctricas perigosas, onde as águias podem morrer por serem eletrocutadas ao pousar nos postes. O projecto LIFE LxAquila já está a desenvolver acções no terreno, que em breve vão chegar também às escolas, e durará até Setembro de 2025.

Segundo um comunicado da SPEA enviado ao ALVORADA, o projecto LIFE LxAquila pretende juntar comunidades locais, autoridades e especialistas para proteger as águias-perdigueiras (ou águias-de-bonelli) que, na Área Metropolitana de Lisboa, vivem extraordinariamente perto das pessoas. Coordenado pela associação ambientalista, o projecto é financiado pelo programa LIFE da União Europeia e tem como parceiros: Município de de Alenquer, Município de Loures, Município de Mafra, Município de Sintra, Município de Torres Vedras, Município de Vila Franca de Xira, Companhia das Lezírias, E-redes, Guarda Nacional Republicana, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Parques de Sintra - Monte da Lua, Sociedad Española de Ornitologia (SEO/BirdLife) e Tapada Nacional de Mafra.

A águia-de-bonelli, uma espécie ameaçada, nidifica excepcionalmente na Área Metropolitana de Lisboa (AML) e vai estar a partir de agora mais protegida, com este projecto que pretende criar condições para aumentar a população em 25%. O projeto  tem um orçamento de quase dois milhões de euros, financiado em 75% pelo programa LIFE (ambiente e ação climática) da União Europeia. Joaquim Teodósio, coordenador do departamento de conservação terrestre da SPEA, que apresentou o projecto numa acção que decorreu online, disse que na AML  que o objectivo é chegar a 2025 com pelo menos 18 casais na região.

O projeto que envolve comunidades locais, entidades do governo central, organizações não-governamentais e empresas e tem também como finalidade proteger os 29 ninhos conhecidos, conter a maior parte dos eventos perturbadores das águias e sensibilizar a população para a importância dos predadores para a saúde dos habitats.

Joaquim Teodósio explicou que as águias-de-bonelli vivem essencialmente em plena natureza, como na região do Douro Internacional ou no Alentejo e serra algarvia, sendo a região de Lisboa, onde vivem quase três milhões de pessoas, uma excepção onde as águias se habituaram a conviver com infraestruturas humanas.

Segundo a SPEA há em Portugal cerca de 120 casais da espécie, 10% na AML e onde estão mais ameaçadas, seja pela degradação de habitats, pela perda de locais de nidificação e alimentação, pelas perturbações causadas pelas pessoas (ruído de motores por exemplo), ou pelos perigos que representam as linhas eléctricas (serão corrigidos uma centena de postos), venenos e mesmo perseguição das pessoas, com muitas, disse o responsável, a ver ainda as aves de rapina como um adversário.

De acordo com Joaquim Teodósio o projecto com 14 parceiros pretende envolver também dezenas de pessoas (muitas das zonas importantes de habitat das águias são privadas) numa zona que vai de Torres Vedras e Alenquer, a norte, a Setúbal, a sul. Nos próximos anos o projecto prevê a monitorização dos exemplares conhecidos, a identificação de novos territórios ocupados, a marcação e rastreio de pelo menos sete juvenis, a identificação de ameaças e protecção de zonas de ninhos, a colocação, se necessário, de plataformas artificiais e bebedouros, e a monitorização e melhoria das populações de presas, para além da prevenção e investigação de crimes ambientais.

A GNR, através do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente (SEPNA) é um dos parceiros da iniciativa. Segundo Joaquim Teodósio serão feitas 250 patrulhas e outras tantas atividades de sensibilização, sendo envolvidos todos os agrupamentos escolares da AML. E depois de 2025, espera o responsável, ficará o que chamou uma rede de custódia que junta entidades públicas e privadas que serão guardiões dos valores naturais da região, incluindo a águia-de-bonelli.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Rita Ferreira/SPEA