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COVID-19: Voluntários pagam tecidos e costuram batas para o Hospital das Caldas da Rainha

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Centenas de batas pagas e confecionadas por voluntários vão ser entregues aos profissionais de saúde das Caldas da Rainha num movimento solidário que está a envolver cada dia mais pessoas empenhadas em contribuir com equipamentos de protecção individual.

A ideia surgiu quando uma assistente social do hospital caldense pediu a Cheila Mendes, costureira, para confecionar algumas batas, “num tecido baratinho”, porque seriam os próprios médicos e enfermeiros a suportar o custo daquele equipamento de proteção. Empenhada em compensar os profissionais “pelo enorme esforço que estão a fazer”, Cheila resolveu ir mais longe e na quarta-feira lançou na rede social Facebook um apelo a quem quisesse contribuir para a compra de tecido, para que pudesse costurar mais batas.

Sónia Mendes, irmã, ficou com a gestão da página e desde então nenhuma das duas tem mãos a medir para levar por diante o movimento solidário, que já conta com 25 pessoas a fazer batas. Orlando Fernandes, proprietário da empresa Sonapel, entrou na parceria, comprometendo-se a vender a preço de custo, 90 cêntimos, o TNT (tecido não-tecido) usado para as batas. Entre transferências bancárias e pagamentos na loja já vendeu “cerca de 600 metros de tecido” e, apesar de o espaço estar fechado ao público, “vai continuar todos os dias a fazer a entrega da quantidade que for sendo paga”. A iniciativa está a crescer de tal forma que “as cores neutras estão praticamente a acabar” e Orlando começa a questionar “até quando haverá material”.

Do ateliê das manas Mendes o tecido parte agora para “algumas pessoas que cortam, outras que cosem, outras que vão fazer as recolhas e as entregas para evitar que as pessoas andem na rua”, conta Cheila.

Cerca de 250 batas vão nos próximos dias ser entregues no Hospital das Caldas, da Rainha, que integra o CHO – Centro Hospitalar do Oeste, onde serão sujeitas a um processo de esterilização antes de serem usadas. Mas nem as irmãs nem “os muitos voluntários que pedem para contribuir, com dinheiro ou com trabalho”, estão dispostos a ficar por aqui. “Cada profissional usa cerca de três batas por dia, é preciso mais”, diz Cheila, a quem já pediram entretanto para “fazer botas que cubram os pés e as pernas”.

As irmãs tentam agora mais parcerias com empresas que possam fornecer tecido, embora para já ainda nenhuma tenha acedido a fazê-lo a preço de custo, como a Sonapel. Uma marca de máquinas de costura disponibilizou máquinas para as costureiras e, asseguram as Mendes, “todos os dias há contactos de pessoas, até de Lisboa, a querer ajudar”.

“Há de facto muita dificuldade de fornecimento desses equipamentos, apesar de termos encomendas feitas e aguardarmos reposição”, disse à agência Lusa Elsa Baião, presidente do conselho de administração do CHO, saudando com “satisfação” esta “onda solidária”.

Nas redes sociais há também apelos de unidades de saúde do concelho, apelando à doação de máscaras cirúrgicas, protecções oculares, batas, ou macacões descartáveis, luvas, toucas e proteção de calçado impermeável e descartável.

Questionada pela Lusa, a Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo esclareceu que a Direcção-Geral da Saúde e o Ministério da Saúde estão “a envidar todos os esforços para dotar os profissionais de saúde de todo o equipamento de protecção individual necessário”. Mas, até lá, a cumprir-se a vontade das irmãs Mendes, desde que haja tecido muitas mais batas sairão das mãos solidárias para os profissionais de saúde.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Sofia de Medeiros/ALVORADA (arquivo)