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Exemplar de nova espécie de dinossauro pode ser admirado no Museu da Lourinhã

hesperonyx martinhotomasorum

‘Hesperonyx martinhotomasorum’ dá nome à nova espécie de dinossauro descoberta por investigadores da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade NOVA, da Universidade de Saragoça e da Universidade de Bona, apoiados pelo Museu da Lourinhã e pela Sociedade de História Natural de Torres Vedras.

Trata-se de um dinossauro herbívoro, bípede, relativamente pequeno, que percorria a zona da Lourinhã há 150 milhões de anos, segundo revelou o GEAL/Museu da Lourinhã num comunicado enviado ao ALVORADA. “Esta espécie acrescenta novas informações à nossa compreensão do Jurássico Português, e aumenta o valor do património natural promovido pelo aspiring Geoparque Oeste”, salienta a instituição lourinhanense.

Durante uma das muitas escavações realizadas no Verão de 2021, um grupo de paleontólogos da Faculdade de Ciências e Tecnologia da NOVA, em colaboração com o Museu da Lourinhã, prospectou um afloramento na Praia de Porto Dinheiro, na freguesia de Ribamar. Segundo o Museu da Lourinhã, os afloramentos fazem parte da famosa ‘Formação da Lourinhã’, que produziu vários vestígios fósseis do Jurássico Superior com uma idade de aproximadamente 150 milhões de anos.

Nesse dia, “os generosos estratos da ‘Formação da Lourinhã’ presentearam o olhar atento dos paleontólogos com uma descoberta surpreendente: um pé de dinossauro quase completo e semi-articulado”. O espécime foi preparado no laboratório do Museu da Lourinhã e, no início, a anatomia deste espécime intrigou os cientistas. “Simplesmente não correspondia a nada que havíamos visto antes”, disse Lucrezia Ferrari, a estudante que preparou o espécime e o relatou na sua tese de mestrado e coautora do estudo. “Era algo familiar, mas tinha várias características que pareciam incomuns”, continuou Filippo Maria Rotatori, líder do estudo publicado. “Era uma espécie de dinossauro herbívoro bípede, mas tal animal nunca tinha sido registado em Portugal antes”. Após a primeira descrição, Filippo passou bastante tempo a viajar por outros países, para estudar animais semelhantes para comparações, e no final a resposta foi clara: “é uma espécie nova. Mais um no ecossistema altamente diversificado do Jurássico Português”, concluiu Filippo.

O novo dinossauro é um dinossauro iguanodontiano de pequeno porte, bastante raro no Jurássico da Europa. A nova espécie chama-se ‘Hesperonyx martinhotomasorum’, em homenagem a Micael Martinho e Carla Tomás, os preparadores de fósseis do Museu da Lourinhã. O estudo, para além da NOVA e do Museu da Lourinhã, contou com a ajuda e expertise da Sociedade de História Natural de Torres Vedras (SHN). Bruno Camilo, responsável da SHN, afirmou que “é sempre um prazer apoiar a investigação que valoriza o nosso extraordinário património geológico. ‘Hesperonyx’ é bastante inesperado, indica-nos que o ecossistema da ‘Formação da Lourinhã’ ainda tem muitas surpresas para oferecer e que estamos apenas a abrir uma janela para um ‘Mundo Jurássico’ muito complexo”.

Miguel Moreno-Azanza, orientador principal de Filippo, observou que “esta é uma descoberta maravilhosa e também um grande exemplo de como as colaborações científicas em Paleontologia podem ajudar a alcançar grandes resultados. Esta investigação envolveu universidades muito conhecidas (Universidade NOVA de Lisboa, Universidade de Saragoça e Universidade de Bona), mas também museus e associações locais (Museu da Lourinhã e Sociedade de História Natural de Torres Vedras)”.

No mesmo comunicado, o Museu da Lourinhã refere ainda que “a boa sinergia” entre estas entidades “foi fundamental para alcançar tal resultado” e descrever a nova espécie ‘Hesperonyx martinhotomasorum’. Esta descoberta vem juntar-se “ao já muito rico” património geológico e paleontológico do aspiring Geoparque Oeste, “reforçando o estatuto da Lourinhã como ‘Capital dos Dinossauros’ e um verdadeiro tesouro natural de Portugal”. O exemplar pode ser admirado no Museu da Lourinhã, na exposição paleontológica permanente.

Texto: ALVORADA com comunicado do GEAL/Museu da Lourinhã
Ilustração: Direitos Reservados