Patriarca de Lisboa alerta para estado de “elevada fragilidade” do país
- Igreja
- 28/03/2024 15:52
O Patriarca de Lisboa, Rui Valério, apelou hoje a que “ninguém fique indiferente ao actual estado de elevada fragilidade” do país, que, podendo considerar-se “meramente conjuntural (…), para a vida real é sinónimo de mais pobreza e maiores dificuldades”.
Na homilia da Missa Crismal, perante os padres do Patriarcado de Lisboa, D. Rui Valério exortou-os a partilhar “a pobreza dos pobres” e a comungar do “sofrimento das vítimas de todas as formas de abusos”. “Somente vos proponho sermos juntos a força da ‘esperança que salva’, na medida em que realizarmos o nosso sacerdócio na esteia da proximidade e da participação nas vicissitudes da humanidade”, acrescentou o bispo da diocese de Lisboa. Para o clérigo, “a partilha da situação de cada pessoa, na realidade da sua existência, é (…) o modo mais pertinente de derramar o bálsamo da esperança para curar as feridas da desilusão, do desespero, do cansaço e do desalento que atingem hoje muitas pessoas”.
Na homilia, o Patriarca de Lisboa quis também “descer ao concreto” e falou do “drama da guerra”, nomeadamente a que assola há mais de dois anos a Ucrânia, “barbaramente agredida pela Rússia”, e a “má-nova da Guerra na Terra Santa”. “Não podemos, tão pouco, ignorar o sofrimento e o desamparo de tantas pessoas que, na sua condição de refugiados e migrantes, são vítimas de exploração e discriminações várias, mesmo entre nós”, acrescentou. E referiu-se ainda aos “recentes índices sociológicos”, que “revelam que a pobreza real não cessa de aumentar, estando já a atingir não só as classes mais desfavorecidas, mas também a classe média”. Para D. Rui Valério, esta “é uma profunda amargura, que turva o horizonte do mundo”.
A Missa Crismal é celebrada na Quinta-feira Santa na catedral de cada diocese, na qual são benzidos os óleos santos e é feita a renovação das promessas sacerdotais por parte dos padres perante o respectivo bispo. A celebração desta manhã na Sé Catedral de Lisboa contou com a presença do Núncio Apostólico em Portugal, D. Ivo Scapolo, e do cardeal D. Manuel Clemente, Patriarca Emérito de Lisboa.