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Manuel de Lemos reempossado hoje como presidente da União das Misericórdias

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O jurista Manuel de Lemos foi reempossado hoje como presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), cumprindo um sexto mandato à frente da associação que coordena e representa mais de 300 misericórdias no país, entre as quais as duas que existentes na Lourinhã e na Marteleira.

Manuel de Lemos, que tomou posse junto com os outros representantes dos órgãos sociais da UMP para 2024-2027, numa cerimónia em Lisboa, foi reeleito a 6 de Dezembro com 225 votos. A eleição dos órgãos sociais da UMP para 2024-2027 contou com a votação de 334 misericórdias, de um total de 387. A UMP foi criada em 1976 para "orientar, coordenar, dinamizar e representar as Santas Casas de Misericórdia, defendendo os seus interesses e organizando serviços de interesse comum". Manuel de Lemos é também presidente da Confederação Internacional das Misericórdias e da Confederação Portuguesa de Economia Social.

O presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP) mostrou-se hoje preocupado com a estabilidade política em Portugal, receando a ausência de um interlocutor estável para o terceiro sector após as eleições de Março. “É verdade que estamos preocupados mais do que ansiosos, estamos preocupados”, afirmou Manuel Lemos, à margem da cerimónia de tomada de posse para mais um mandato. A preocupação, explicou, é não se saber como será o Governo que sairá das eleições legislativas de 10 de Março e se haverá ou não “um interlocutor credível”. “Uma coisa é ter um Governo sustentado por uma maioria no Parlamento e outra é olharmos para um Governo que pode cair de uma semana para outra”, exemplificou. Isto “porque não basta ser combativo, é preciso ser combativo com alguém, é preciso que exista do lado de lá, alguém que permita isso”, afirmou Manuel Lemos, que se mostra preocupado com a polarização política. “Não mudamos a nossa posição, assim o Estado não mude, [mas] é claro que os discursos mais ou menos demagógicos, mais ou menos radicais, mais ou menos populistas, nos preocupam, como é óbvio”, salientou.

No discurso de posse para o seu sexto mandato (2024-27), o dirigente avisou os representantes das misericórdias presentes que se assiste a “um tempo difícil e não será em 2024 e 2025 que as coisas vão melhorar”. Isto porque “não se preveem maiorias claras”, o que pode conduzir a que não haja “interlocutores claros”, pelo que as misericórdias terão de “aguentar mais uma vez”. Mas quem “superou a ‘troika’, a covid e ultrapassou a inflação saberá enfrentar as incertezas” políticas, disse Manuel Lemos.

O responsável salientou ainda que as “santas casas constituem assim um instrumento decisivo da liberdade”, que assumem uma “atitude de modernidade” numa sociedade que hoje é mais complexa e a “resposta a esta evolução só pode ser dada pela busca do compromisso, que pressupõe formas de diálogo estruturada”. A UMP “tem procurado desenvolver uma capacidade de resposta proactiva” e a actividade das misericórdias “não se esgota” no apoio social, mas tem também atenção à educação, saúde ou preservação do património, avisou.

Por seu turno, a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, Ana Mendes Godinho, destacou a “grande parceria ao longo destes últimos quatro anos”, permitindo “quebrar muito muros que existiam” entre as duas partes. Trata-se de “uma parceria tão importante que não pode acabar, nem [pode acabar] esta forma de trabalhar em conjunto”, afirmou a governante, sublinhando que o “trabalho articulado entre o sector social e o Estado tem depois resultados concretos na vida das pessoas”, como a “gratuidade das creches, alargamento da resposta de aumento de lugares ou novas respostas para o envelhecimento”. Foi nesse sentido que foi renovado em 2021 o Pacto de Cooperação que tinha sido assinado pela primeira vez pelo então primeiro-ministro António Guterres, com compromissos até 2030, disse Ana Mendes Godinho. A parceria, explicou, faz-se através de “respostas directas, nomeadamente através da mobilização de prestações sociais” ou pela “capilaridade com a presença no território das instituições do sector social, que tem uma grande proximidade e uma capacidade de resposta permanente”. No passado recente, a “pandemia quebrou muitas desconfianças e muitos muros que existiam muitas vezes na relação entre as várias entidades”, numa “relação sem preconceitos e sem desconfiança”, acrescentou a governante, em declarações aos jornalistas.

Na sua intervenção, a ministra destacou várias acções do Governo e referiu um “caminho extraordinário que mostra mesmo que o repto do papa Francisco - ‘todos, todos, todos’ - faz sentido”, nomeadamente durante a pandemia. “Só com todos é que conseguimos, naquele tempo tão crítico e numa grande lógica e princípio de confiança total, deitar abaixo muros de desconfiança que existiam”, como foi exemplo o trabalho conjunto da saúde e da segurança social ou o fim de entraves burocráticos para o alargamento da oferta das creches. Porque o “sector social consegue responder onde precisa e quando precisa”, disse Ana Mendes Godinho, elogiando o presidente da UMP pelo “grande movimento de transformação” do terceiro sector.

Texto: ALVORADA com agência Lusa