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Vereadores do PS rompem acordo com liderança independente na Câmara Municipal de Peniche

CMP Pacos do Concelho

Os vereadores do PS na Câmara Municipal de Peniche deixam de estar a tempo inteiro e de ter pelouros a partir de 3 de Agosto, quebrando o acordo pós-eleitoral feito com o grupo de independentes que preside ao município, foi hoje anunciado.

Na reunião pública de câmara municipal de hoje, o presidente, Henrique Bertino, disse que os dois eleitos do Partido Socialista no executivo municipal comunicaram que “entregam os pelouros e deixam de estar a tempo inteiro a partir de 3 de Agosto”.

Esta renúncia aos pelouros não tem nada a ver com ruturas pessoais ou qualquer questão relativa ao carácter de alguém. Não existe qualquer tipo de animosidade para com o presidente ou o vice-presidente”, os dois eleitos pelo grupo de independentes, justificou Ângelo Marques, vereador e presidente da comissão política concelhia do PS. Questionado pela agência Lusa sobre esclarecimentos adicionais, o autarca socialista remeteu para um comunicado escrito em que referem que tomaram a decisão “por motivos que se prendem com visões diferenciadas do território, metodologias e prioridades que não se coadunam com a estratégia definida pelo programa eleitoral do Partido Socialista" e que consideram "essenciais para o desenvolvimento do concelho”. Recordaram que, no início do mandato autárquico, decidiram aceitar ser vereadores com pelouros atribuídos e propostos pelo presidente da câmara “com o sentido de responsabilidade e determinação com o objectivo de ir ao encontro dos anseios e preocupações da população”.

O independente Henrique Bertino disse na reunião que “não está desanimado” com a perca da maioria na câmara alcançada com o acordo estabelecido com o PS e que “vai fazer o que tem de fazer na casa sem partilhar pelouros”. O Grupo Cidadãos Eleitores por Peniche, liderado por Henrique Bertino, ganhou as últimas eleições autárquicas, em 2021, sem conseguir maioria na Câmara e na Assembleia Municipal, tendo feito um acordo pós-eleitoral com o PS para conseguir uma governação estável com maioria no executivo camarário. No âmbito desse acordo, pelo PS, Ângelo Marques passou a assumir os pelouros do Turismo, Desporto, Juventude, Economia e Desenvolvimento, Pescas e Agricultura e Controlo Local, enquanto Ana Batalha ficou com as áreas da Educação, Cultura, Associativismo e Geoparque.

A Câmara Municipal de Peniche é composta por dois eleitos do Grupo Cidadãos Eleitores por Peniche, dois do PS, dois do PSD e um da CDU. Na reunião de câmara, Clara Abrantes (CDU) acusou o independente Henrique Bertino de querer ter uma “gestão pouco participada”, ter “câmara sem visão estratégica” e de ter “um barco à deriva”, dando exemplos de obras por concluir “não por culpa da oposição”, como a requalificação da Nau dos Corvos e do Forte da Consolação ou a construção da biblioteca e centro cívico de Peniche. “Estarei disponível para discutir, votar e participar no que for positivo para Peniche”, assegurou. Pelo PSD, Filipe Sales fez também uma avaliação negativa do mandato, acrescentando que tem sentido da população uma “grande contestação ao modelo de governação seguido por quem está à frente da autarquia”, mas garantiu que os vereadores sociais-democratas vão “continuar a exercer as suas funções com responsabilidade”.

Henrique Bertino admitiu dificuldades, mas afirmou não sentir "que o barco esteja à deriva”. A Lusa contactou o edil penichense, mas não quis prestar declarações.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados