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Aeroclube de Torres colabora com investigadores no desenvolvimento de drone para localizar fogos florestais

fogo

Investigadores do Instituto Superior Técnico (IST), da Universidade de Coimbra e da Academia da Força Aérea desenvolveram tecnologia para drone que permite localizar um incêndio e antecipar em 20 minutos o processo de deteção e o início do combate. Neste processo participou uma entidade do Oeste: o Aeroclube de Torres Vedras.

Os drones já recolhem imagens do fogo, mas, além de não puderem coexistir com os aviões de combate devido à partilha do espaço aéreo, não têm sistema de localização instalado e essas imagens têm depois de ser analisadas e comparadas, indo ao Google Maps para tentar localizá-las”, explicou à agência Lusa o coordenador da investigação, Alexandre Bernardino, do IST. No âmbito deste projecto, um drone foi dotado de duas câmaras de vídeo, uma das quais de infravermelhos, e tecnologia de georreferenciação “precisa e que elimina erros de coordenadas”, autonomizando o processo de localização do incêndio.

A partir de um veículo, a cerca de 20 quilómetros do fogo, é possível operar o drone até à frente de fogo, reduzindo assim o risco de envolver meios humanos nas proximidades das chamas. “Se tivermos um sistema que, do ar, consiga captar imagens, localizar na imagem onde está o fumo e o fogo e converter essa informação para coordenadas do terreno consegue-se criar o mapa do incêndio e visualizar onde ele está”, afirmou o especialista em robótica e visão artificial. As imagens recolhidas pelo drone são depois transmitidas e monitorizadas a partir de um computador.

À medida que o drone recolhe a imagem, são de imediato calculadas as coordenadas do terreno. “Podemos melhorar o processo de deteção em 20 minutos, embora a questão não esteja validada por estudos exaustivos e advenha da experiência dos meios de combate”, acrescentou. Segundo o investigador, a tecnologia já existente está relacionada com a deteção precoce de incêndios, permitindo detectar um fogo, em média, 10 minutos após deflagrar.

Contudo, apontou “problemas de detecção e localização sobretudo quando os incêndios atingem uma certa dimensão”, justificando assim a inovação da tecnologia, ao dotar o posto de comando de “informação mais precisa e mais atempada”. Além disso, o sistema criado consegue “em apenas três minutos prever o que vai acontecer ao fogo nas próximas quatro ou cinco horas”, adiantou, possibilitando aos meios de socorro proteger localidades em risco e reposicionar meios de combate.

A investigação, que foi iniciada em Março de 2019 e vai terminar neste primeiro trimestre do ano, obteve 370 mil euros de financiamento do Governo no âmbito de concursos abertos para projectos relacionados com incêndios florestais, após os incêndios de 2017.

O projecto está em fase de demonstração de resultados junto dos agentes da Protecção Civil e de estudo de exploração comercial. “Temos boas perspcetivas de a tecnologia ser integrada no sistema de combate incêndios”, disse o coordenador, acrescentando que, numa primeira fase, poderá ser usada “para monitorização noturna, quando os aviões de combate não voam”, devido aos problemas de partilha do espaço aéreo.

O trabalho envolveu 20 especialistas em robótica, visão artificial e inteligência artificial e tem como parceiros o Instituto de Telecomunicações do IST, a Associação para o Desenvolvimento Aeronáutico Industrial da Universidade de Coimbra, o centro de investigação da Força Aérea, o Aeroclube de Torres Vedras e a empresa Uavision.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados (arquivo)