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Sismo na Turquia sentido em Portugal pelas redes sísmicas do IPMA

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As redes sísmicas nacionais registaram hoje o violento sismo que abalou a Turquia e a Síria, mas, segundo o IPMA, “não tem nada de excepcional”, por se encontrarem a cerca de 5.000 quilómetros do epicentro.

Em declaração à agência Lusa, o chefe de divisão de geofísica do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Fernando Carrilho, adiantou que se trata de “um sismo de grande dimensão que é registado globalmente” e que “os instrumentos são muito mais sensíveis. São capazes de detectar movimentos muito mais pequenos, que escapam ao nosso sentido. Não tem nada de excepcional. O registo foi feito em Moncorvo, mas também em todos os pontos da rede sísmica nacionais: Continente, Madeira e Açores”.

De acordo com Fernando Carrilho, os registos instrumentais são “feitos em equipamentos de enorme sensibilidade, extremamente mais sensíveis do que um ser humano, por exemplo”. Sobre o contexto geológico da Turquia, o especialista salientou que o sector sul do país “é marcado por uma situação tectónica particular (…), onde se encontram três placas: Eurásia, a parte oriental de África e a Arábia”. A intitulada junção tripla de placas, segundo Fernando Carrilho, “tem origem numa estrutura tectónica de grandes dimensões que é capaz de acumular energia ou stress para, uma vez libertado, corresponder a magnitudes deste género”. “O sismo principal, da 1h00, terá ocorrido um pouco a norte desse ponto triplo, numa falha que é genericamente designada pela falha leste da Anatólia. (…) Como é uma estrutura de grandes dimensões, ela é capaz de gerar sismos como estes e maiores, inclusive”, observou.

Fernando Carrilho disse ainda que o sismo registado hoje na Turquia e na Síria “é, claramente, acima daquilo que era conhecido”. “Embora os sismos conhecidos nesta região, o de maior magnitude, salvo erro, terá sido 7,3/7,4 [na escala de Richter], tratando-se de sismos históricos, ocorridos no século XIX ou no século IV, mas nenhum deles, conhecido pelo menos, com a magnitude como aquele que se verificou hoje”, afirmou.

Questionado também sobre as semelhanças com Portugal continental, o chefe de divisão de geofísica do IPMA sublinhou que são “ambientes diferentes”. “A forma de contacto entre as placas é diferente, o nível de movimentação entre elas é também diferente. Esta zona leste da Turquia tem uma perigosidade sísmica que é considerada elevada à escala global, em comparação com aquilo que acontece na zona de Portugal continental, onde perigosidade é bastante mais baixa”, apontou. Já sobre a possibilidade de se prever um sismo de grandes dimensões, Fernando Carrilho disse à Lusa não ser possível. “Pela actividade sísmica não é possível dizer: vai acontecer agora outro terramoto de maior dimensão. Isso não é possível. Aí estamos a falar no domínio da previsão sísmica e claramente não estamos lá”, sustentou.

Mais de 2.300 pessoas morreram hoje após um terramoto de magnitude 7,8 na escala de Richter e das réplicas que atingiram o sul da Turquia e o norte da Síria, segundo o balanço provisório das autoridades locais. Segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS) o tremor de terra que ocorreu hoje registou uma magnitude de 7,8 e sentiram-se dezenas de réplicas. O sismo ocorreu às 4h17 (1h17 em Lisboa), a 33 quilómetros da capital da província de Gaziantep, no sudeste da Turquia e próximo da fronteira com a Síria, a uma profundidade de 17,9 quilómetros. O tremor de terra atingiu o sudeste da Turquia e a Síria e é considerado o maior desde 1939. O tremor de 7,8 de magnitude também se fez sentir no Líbano, Chipre, Israel e Jordânia.

Texto: ALVORADA com agência Lusa