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Seca: Regadio usa 75% da água em Portugal e desperdiça mais de um terço estima APA

barragem lusa 2022

O vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), Pimenta Machado, afirmou hoje que o regadio desperdiça, em Portugal, mais de um terço das reservas de água e alertou para a necessidade de tornar os sistemas mais eficientes.

Num ano de seca, Pimenta Machado reiterou que a situação é “dramática” em algumas zonas do país, com as reservas abaixo do normal, mas considerou que a solução não passa apenas por construir mais barragens, mas também por resolver problemas de desperdício, indicando que “os sistemas de regadio desperdiçam mais de 35% da água”.

Segundo explicou, a agricultura consome 75% da água utilizada no país e mais de um terço continua a ser desperdiçada em perdas no transporte, devido à antiguidade dos sistemas, muitos construídos nos anos de 1950, e considerou que “o caminho é tornar os sistemas mais eficientes”.

O que é preciso é modernizar os canais. Não faz sentido hoje que se perca água através do transporte, portanto a aposta é na eficiência, mas também em encontrar novas origens de água, por exemplo usar águas das ETAR [Estações de Tratamentos de Águas Residuais] para lavar caixotes do lixo, ruas, regas de jardins”, afirmou.

O vice-presidente da APA falava num fórum sobre a seca e o regadio, em Vila Flor, no distrito de Bragança, e especificou que Portugal consome o equivalente a “dois Alquevas” de água anualmente, destinando-se cerca de 75% desta a rega na Agricultura. Neste sector, destacou duas realidades no país, a sul do Tejo e no Nordeste Transmontano, onde, segundo disse, “a seca é estrutural e não uma questão de escassez de água”. “O caminho é os sectores serem mais eficientes, nós pedimos mais barragens, e claro que é necessário fazer mais barragens, mas este ano nós estamos aflitos não é por não ter barragens, nós temos barragens, elas é que não têm água”, defendeu.

Presente na iniciativa Fórum do Ambiente organizada pelo Município de Vila Flor, no âmbito da feira Expovila, a directora regional de Agricultura e Pescas do Norte, Carla Alves, assegurou que há financiamento para a reabilitação e modernização dos sistemas de regadio já existentes. Carla Alves salientou que o próximo aviso para candidaturas ao Plano de Desenvolvimento Rural (PDR) destina-se precisamente à aquisição “de tudo que são equipamentos necessários para uma rega eficiente, sejam sensores, drones, estações meteorológicas, que permitem hoje fazer uma contabilidade daquilo que é preciso a planta beber”.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Lusa (arquivo)