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Empresária portuguesa quer mais conterrâneos a emigrar para zona este do Canadá

Canada

A empresária portuguesa Bernadette Fernandes está a exortar os portugueses a emigrarem para a província de Nova Brunswick, no este do Canadá, para que a comunidade “possa crescer”.

“A província tem falta de população e de talento. Especificamente, há lacunas de qualificações digitais, manufactura e escassez de trabalhadores comerciais nas indústrias da construção e da silvicultura”, afirmou à agência Lusa a empresária, de 57 anos.

A consultora empresarial, natural de Paris (França), foi eleita no início deste mês presidente da direção da Associação Empresarial de Imigrantes de Nova Brunswick. Bernadette Fernandes, residente na cidade costeira de Saint John, explicou que processo de imigração continua a ser federal, mas a selecção dos candidatos a imigrantes “é diferente comparativamente com outras províncias canadianas como o Ontário”.

Dados do governo de Nova Brunswick projectam que cerca de 120 mil empregos não serão preenchidos ao longo dos próximos 10 anos. A baixa taxa de natalidade, o aumento da população idosa e a taxa de migração dos jovens criaram uma escassez de trabalhadores qualificados na província. Para tentar colmatar este problema, o governo provincial pretende abrir um gabinete na Europa e na Índia para atrair 7.500 imigrantes por ano. “Tem sido uma das províncias mais fáceis para onde se imigrar. Se os portugueses quiserem vir, serão bem recebidos pela comunidade”, realçou.

Bernadette Fernandes, formada pela Universidade de St. Thomas (Bacherelato em Artes), em Fredericton, é fluente em cinco línguas, emigrou para o Canadá com apenas dois anos, em 1965, tendo regressado a Portugal entre 1973 e 1975. Quanto ao dia-a-dia em Nova Brunswick, a empresária classificou como “muito tranquilo, com temperaturas negativas no Inverno e neve mas “não é tão rigoroso como noutras regiões do Canadá”, com “bastante espaço desabitado, floresta, parques nacionais, praias”, área propícia para actividades ao ar livre durante todas as estações do ano. Tanto Nova Brunswick como Portugal “têm algumas semelhanças, tanto por serem regiões marítimas”, tendo como potencialidades sectores que derivam do oceano como a “construção naval, pesca e aquicultura”.

Uma das principais dificuldades naquela região é o acesso aos produtos portugueses, situação que seria “mais fácil caso a comunidade fosse maior”, se estivesse “mais envolvida em termos empresariais”. “Não temos associações, cafés, pastelarias ou restaurantes. Os produtos portugueses têm de vir de Montreal, cidade que fica localizada a 10 horas de carro. O próprio pastel de nata é difícil de encontrar em Nova Brunswick. São difíceis de encontrar em qualquer das províncias atlânticas”, lamentou.

A empresária acredita que existem menos de 100 portugueses e lusodesdencentes naquela região, uma comunidade “que já foi maior na década de 1970, num meio pequeno em que se conhecem quase todos”. Apesar de actualmente a imigração portuguesa para aquela província ser reduzida, existem outras comunidades lusófonas, como a brasileira, que têm aumentado consideravelmente. “A comunidade de expressão portuguesa está a crescer devido a sinergias com a brasileira. É um factor de unidade, onde nos vamos unir mais, para uma comunidade”, frisou. Embora os portugueses em Nova Brunswick “sejam mais da classe operária ou reformados”, uma evolução diferente da verificada em Toronto, Bernadette Fernandes espera “apoiar os empresários recém-chegados na sua integração na sociedade canadiana”, através da Associação Empresarial de Imigrantes local.

Nova Brunswick é uma das quatro províncias atlânticas na costa este do Canadá, a única bilingue (inglês e francês) do país e tem cerca de 750 mil habitantes. Dados do recenseamento canadiano de 2016 revelam que existiam no Canadá 483.610 portugueses e lusodescendentes, ou seja, 1,4% da população no país. A maioria encontrava-se no Ontário (69%), no Quebeque (14%) e na Colúmbia Britânica (8%). Existe neste país uma forte comunidade emigrante natural do concelho da Lourinhã.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados