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Covid-19: França desaconselha viagens a Portugal e Espanha e admite reforço de medidas

covid 19 J

O secretário de Estado francês para os Assuntos Europeus desaconselhou hoje as viagens a Portugal e Espanha, admitindo o reforço de medidas.

A situação nos países ibéricos é "particularmente preocupante", afirmou Clement Beaune, acrescentando que "nos próximos dias poderá haver um reforço das medidas" no âmbito das viagens. Este conselho surge na sequência do aumento de casos, mais concretamente com a variante mais contagiosa Delta.

Em entrevista ao canal de televisão France 2, Clement Beaune disse ainda que para “aqueles que ainda não reservaram as suas férias, evitem” Portugal e Espanha, especialmente a região da Catalunha. “É melhor ficar em França, ou ir para outros países", disse.

Portugal registou na quarta-feira oito mortes atribuídas à Covid-19, o número mais elevado desde 14 de Abril, 3.285 novos casos de infecção pelo coronavírus SARS-CoV-2, e uma diminuição nos internamentos, segundo os dados da Direcção-Geral da Saúde (DGS). O número de novos casos é também o mais elevado desde 11 de Fevereiro, dia em que o país notificou 3.480 casos. Já Espanha registou 17.384 novos casos de Covid-19 nas últimas 24 horas.

Portugal compreende conselho de França e lembra regras da UE quanto a viagens

O ministro dos Negócios Estrangeiros disse hoje compreender a posição do governo francês de desaconselhar viagens não essenciais para Portugal, mas lembra que este conselho deve ser enquadrado com as decisões da União Europeia quanto às viagens.

“A situação de Portugal no que diz respeito à pandemia agravou-se e as preocupações de um Estado amigo, como a França, em relação aos seus cidadãos, no que diz respeito à possibilidade de viajarem para Portugal, são compreensíveis. Trata-se de um conselho”, afirmou Augusto Santos Silva, sublinhando que esta posição deve ser enquadrada com as decisões da União Europeia (UE) relativas ao certificado digital.

Em declarações à agência Lusa, governante lembrou que, desde o dia 1 de Julho, as pessoas que estejam vacinadas, imunizadas ou que realizem teste negativo à Covid podem circular livremente pela União Europeia e sublinhou a excepção: “nas zonas consideradas vermelho escuro, de muito alta prevalência do vírus, o Estado membro pode desencorajar viagens não essenciais nessas zonas”. "As zonas classificadas como vermelho escuro têm de ter, por exemplo, mais de 500 novos casos de infecção por 100.000 habitantes nos últimos 14 dias", explicou.

Santos Silva recordou ainda que as viagens das pessoas que pretendem reunir-se com a família, como é o caso dos emigrantes portugueses, se enquadram na classificação de viagens essenciais.

Portugueses em França pedem intervenção do Governo sobre viagens para Portugal

A comunidade portuguesa em França está "consciente" de que planos de Verão podem mudar devido à situação pandémica em Portugal, mas pede ao Governo português que dialogue com o executivo francês de forma a amenizar possíveis medidas.

"Os portugueses estão conscientes de que podem ter de alterar os planos de férias para ir a Portugal. Mas há um papel junto do ministério, a nível da diplomacia para trabalhar estas questões e evitar que isto possa acontecer", disse Rui Barata, conselheiro das Comunidades Portuguesas na região de Estrasburgo, em declarações à Lusa.

O anúncio de hoje do secretário de Estado dos Assuntos Europeus, Clément Beaune, a "desaconselhar" viagens a Portugal, dando a entender que a França vai impor medidas restritivas sobre essas viagens, sobressaltou a comunidade portuguesa em França que prepara as férias de Verão agora que o ano escolar terminou.

Rui Barata estima que o movimento de pessoas entre França e Portugal possa atingir até 500 mil pessoas no Verão, algo relevante para a economia portuguesa, mas também para os emigrantes e lusodescendentes que não veem a família há mais de um ano. "Acho que é legítimo o receio de que o vírus, a variante Delta, venha para França. Vamos esperar para ver quais são as medidas que vão ser anunciadas. Até lá, é prematuro falar porque não sabemos quais as repercussões para a nossa comunidade", indicou Carolina Amado, conselheira das Comunidades Portuguesas na região de Toulouse.

Segundo a Embaixada de Portugal em França, até qualquer novo anúncio do Governo francês, "vigora o que já foi anunciado pela senhora secretária de Estado no Portal das Comunidades Portuguesas, não havendo por enquanto qualquer indicação de implicações no regresso". O conselho de Berta Nunes, que há duas semanas esteve em Paris, foi que os portugueses se vacinassem de forma a apresentarem um passe sanitário europeu válido e para poderem circular dentro do país.

De forma a regressarem ao país, Carolina Amado, conta que muitas pessoas da comunidade organizaram a toma da vacina para poderem partir 14 dias depois da última dose.

Apesar de diferentes solicitações, o Ministério dos Negócios Estrangeiros francês ainda não respondeu à Lusa quando as medidas serão anunciadas e quais podem vir a ser impostas.

Aviso de autoridades francesas sobre viagens para Portugal é "contraditório" - Paulo Pisco

O aviso das autoridades franceses para serem evitadas viagens para Portugal e Espanha é "contraditório" e "contracorrente", já que todos os países europeus chegaram a acordo para permitir viagens este Verão, segundo o deputado Paulo Pisco​​​​. "Uma mensagem desta natureza é completamente contraditória em relação ao que foi decidido em termos europeus [...] Este aviso das autoridades francesas vem em contracorrente relativamente às orientações da União Europeia", declarou aos jornalistas​​​​​​​ o deputado português eleito pelo círculo da Europa.

O deputado falou à margem de um jantar sobre lusofonia e francofonia, que decorreu na noite de quinta-feira no Senado francês. Pisco reagia às declarações, na manhã de quinta-feira, do secretário de Estado francês​​​​​​​ para os Assuntos Europeus, Clément Beaune, desaconselhando as viagens para Portugal e Espanha devido à pandemia de covid-19. Mais tarde, Beaune esclareceu que "não há interdição de viagem", mas Paulo Pisco considerou que tinha sido algo "cruel" para com a comunidade portuguesa. "Eu compreendo que isto tem um efeito cruel porque os portugueses não puderam ir a casa em duas Páscoas, num Natal e, se não puderem ir a Portugal em dois verões consecutivos, é algo de muito penoso", disse o deputado.

Segundo o deputado, "há um grande esforço de cooperação" a nível europeu, desde logo na vacinação e na decisão de que "todos os cidadãos europeus que tenham a vacinação completa possam circular livremente", além da obrigatoriedade de teste PCR negativo.

Texto: ALVORADA com agência Lusa