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Covid-19: Quase todas as regiões do país viveram "situações graves" com surtos

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Em quase todas as regiões do país têm acontecido “situações graves”, ao longo da pandemia, relacionadas com surtos de Covid-19 que vão aparecendo, com áreas críticas nas localidades mais pequenas, segundo um documento agora divulgado.

A análise sobre a ‘Evolução das áreas críticas no espaço e no tempo’ foi apresentada pela directora da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP) na reunião no INFARMED, em Lisboa, sobre a situação epidemiológica no país que reúne peritos, políticos, o Presidente da República, o Primeiro-Ministro e a ministra da Saúde. Segundo a investigadora, esta análise pretendeu identificar as áreas críticas em Portugal para a Covid-19, com base na incidência (casos novos por semana por 100 mil habitantes) e no risco relativo, que possibilita observar áreas com risco superior ou inferior ao que seria esperado, considerando a realidade nacional.

“A Covid-19 não se distribui de forma aleatória no espaço. A observação das variações das áreas críticas ao longo da pandemia permite identificar padrões que podem indicar possíveis factores - por exemplo, densidade populacional, desemprego, ou zonas rurais versus zonas urbanas - que influenciam o aparecimento ou transmissão da infecção”, adiantou Carla Rodrigues.

A análise mostra que se observaram variações ao longo da pandemia em todo o país e que em quase todas as regiões têm acontecido situações graves ao longo do tempo, relacionadas com os surtos que vão aparecendo, causando o aparecimento de determinada área crítica nas localidades mais pequenas. No entanto, quando a análise é feita por períodos de tempo, apesar de ser possível identificar alguns padrões, não é ainda claro que factores podem estar a influenciar estes padrões. “Focando nas últimas cinco semanas, é evidente a existência de ‘clusters’ com riscos muitos elevados e alguns com consistência temporal”, disse Carla Nunes, adiantando que na análise das áreas críticas identificadas “interessa considerar a sua grandeza”. “Mas a sua grandeza tem os conceitos de risco de incidência, de tendência, de número de casos e também a sua continuidade temporal, se é um fenómeno temporal ou se é consistente ao longo do tempo", explicou.

No caso de uma doença infecciosa, como a Covid-19, defendeu, “é urgente com a transmissão rápida que existe, independentemente da consistência temporal, perceber o problema para definir estratégias específicas de actuação”. Esta análise estatística “apenas”  identifica áreas críticas. Assim, para se poder utilizar informação quantitativa e qualitativa que permita perceber os fatores/causas que fazem destas áreas críticas, é necessário entender os contextos locais, envolver parceiros do terreno. Esta identificação local deve traduzir-se em maior precisão e segurança das decisões e da intervenção para conduzir a maior efectividade em Saúde Pública.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados