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Facebook adere à luta contra a desinformação climática

mar agitado

O Facebook acrescentou novas ferramentas ao seu centro de informação climática para combater a desinformação, que tem tido consequências desastrosas para a mobilização ambiental. A nova secção enumera factos científicos indiscutíveis sobre o clima, como, por exemplo, a relação causal entre o aquecimento global e o declínio do número de ursos polares, e descreve como o custo das energias renováveis está a diminuir.

O gigante das redes sociais procura assim combater o cepticismo climático, uma tendência que se agravou com a propagação de falsas verdades nas principais plataformas, encorajada por certas personalidades, como o ex-presidente Donald Trump que, em Janeiro de 2019, perante a gravidade do inverno no Midwest americano, escreveu no Twitter: "Mas para onde foi o aquecimento global? Volta depressa, precisamos de ti!".

Esta semana, "um ‘meme’ viral com uma imagem de um helicóptero na Suécia circulou pelas redes, com uma mensagem falsa que afirmava estarem a ser utilizados combustíveis fósseis para derreter o gelo acumulado em turbinas eólicas", revela Nikki Forrester da Science Feedback, uma Organização Não Governamental (ONG) que luta contra a desinformação médica e ambiental. A desinformação climática "semeia confusão sobre o que é real ou não entre a maioria das pessoas, que não são fervorosas defensoras da causa, nem pessoas que negam absolutamente a realidade", disse.

Sem um apoio público maciço, as políticas de conservação ambiental têm menos probabilidades de ver a luz do dia e de ser postas em prática. Mas as associações, autoridades e redes sociais mais recentemente mobilizadas estão a lutar para encontrar o método correcto. "O que aprendemos em 2020 é que não se pode simplesmente adoptar uma abordagem de cima para baixo", diz Rory Smith, da ONG anti-desinformação First Draft. "Também é preciso desmascarar as mentiras e esmagar os rumores antes de saírem cá para fora, porque quando alguém vê uma mensagem enganosa, especialmente se confirmar um preconceito, o dano está feito e é mais difícil".

O Facebook é acusado há vários anos de laxismo na moderação de certos conteúdos problemáticos, tais como falsos rumores e teorias da conspiração, mas em contrapartida destaca-se na luta contra publicações que são mal vistas pelos anunciantes, tais como a pornografia. O gigante das redes sociais durante muito tempo recusou-se a assumir o papel de árbitro da verdade, antes de começar a mudar gradualmente a sua posição, face à pressão da sociedade civil e dos seus funcionários.

Após ter criado um Centro de Informação sobre o Coronavírus e outro para as eleições norte-americanas de 2020, a plataforma lançou uma página, em Setembro, que reúne factos e dados climáticos de organizações reconhecidas. O grupo californiano vai começar também a adicionar ligações sobre certos conteúdos ao Reino Unido, para redirecionar os utilizadores para esta página climática.

Para os ambientalistas, estas iniciativas são bem-vindas, mas não suficientemente grandes para abordar a escala do problema. Rory Smith acredita que é necessária mais investigação sobre a eficácia destas advertências e informações apresentadas como factos concretos. "Para muitas pessoas que acreditam em algo diferente, a revelação de factos pode ter o efeito contrário e reforçar as suas crenças", observa, porque "as plataformas e organizações de verificação de factos são vistas (por uma franja radical) como instituições liberais que escondem a verdade".

Para povoar a sua nova secção climática, o Facebook recorreu a especialistas da Universidade George Mason, do Programa de Comunicação sobre Alterações Climáticas de Yale (Estados Unidos da América) e da Universidade de Cambridge (Reino Unido). É visível na Alemanha, Estados Unidos, França e Reino Unido, e será alargado a uma dúzia de outros países.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)