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Portugal registou 924 novos casos de VIH em 2023, menos 65 que em 2022 informa DGS

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Portugal registou 924 novos casos de infecção por VIH em 2023, menos 65 que no ano anterior, com o diagnóstico a ocorrer maioritariamente em homens, indica o relatório 'Infecção por VIH em Portugal 2024' divulgado hoje.

Em declarações à Lusa, o subdirector-geral da DGS para a área da Saúde Pública explicou que, apesar dos quase 1.000 novos casos, há uma “tendência de longo prazo decrescente” desde 2000.

É um número que ainda não nos deixa totalmente descansados […], mas esta tendência de longo prazo decrescente diz-nos que estamos a fazer uma abordagem que nos dá alguma segurança, que estamos a controlar esta epidemia”, disse André Peralta-Santos, que ocupa o cargo de subdirector-geral em regime de substituição desde o Verão do ano passado.

Segundo o relatório, que vai ser hoje apresentado pela Direcção-Geral da Saúde (DGS) e pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), entre 2014 e 2023, houve uma redução de 36% no número novas infecções por VIH e de 66% em novos casos de SIDA.

A tendência decrescente mantém-se, mas Portugal ainda apresenta taxas de novos diagnósticos de infecção por VIH e de SIDA superiores à média da União Europeia.

André Peralta-Santos destacou que, pela primeira vez, a maioria dos novos casos ocorreu em pessoas nascidas fora de Portugal” (53,1%), apesar de terem sido infectadas no país.

Isto convoca-nos a uma reflexão para trabalharmos estas populações que nascem fora de Portugal com mais intensidade, percebendo quais são as suas necessidades de acesso a cuidados”, observou.

A taxa de diagnóstico mais elevada registou-se no grupo etário dos 25 aos 29 anos, com 31,2 casos por 100.000 habitantes, com maior expressão nos homens (46,6 casos por 100.000 habitantes).

O subdirector-geral da DGS esclareceu que é nesta faixa etária em que há “maior actividade sexual” e é aquela tem “um maior esforço de testagem”.

Apresentado a quatro dias do Dia Mundial da SIDA, o relatório realça que os casos diagnosticados ocorreram maioritariamente em homens (2,6 casos por cada caso em mulheres) e houve três casos em idades inferiores a 15 anos.

Segundo o relatório “nos restantes casos, a mediana das idades ao diagnóstico foi de 36 anos, 32,4% dos casos referiam idades inferiores a 30 anos; 80% destes eram homens que têm sexo com homens (HSH) os quais apresentaram a idade mediana mais baixa 31,0 anos”.

A Área Metropolitana de Lisboa apresenta a maior taxa de novos diagnósticos, com 48,6% (14,3 casos por 100.000 habitantes), seguida da região Norte com 26,3% (6,3 casos por 100.000 habitantes).

Tal como nos anos anteriores, mantêm-se uma elevada proporção de diagnósticos tardios, com particular expressão entre os homens heterossexuais e as pessoas com 50 ou mais anos.

A transmissão por via sexual foi referida em 96,1% dos casos com diagnóstico em 2023, predominando a transmissão heterossexual (54,0%), mas considerando apenas as infecções diagnosticadas em homens, 61,6% dos novos casos ocorreram em HSH.

Em 2023 foram ainda diagnosticados 128 novos casos de SIDA (1,2 casos por 100.000 habitantes) e notificadas 111 mortes, das quais 40,5% ocorridas mais de 20 anos após o diagnóstico da infecção.

Entre 1983 e 2023, foram assinalados 68.627 casos de infecção por VIH, dos quais 23.955 atingiram estádio SIDA. Contudo, o número de casos em que os diagnósticos da infecção e de SIDA ocorreram em Portugal foi de 64.928 e 23.703, respectivamente.

O documento assinala também que foram distribuídos cerca de sete milhões de preservativos, mais de 1,9 milhões embalagens de gel lubrificante e mais de 74 milhões de seringas.

O ano passado registou ainda um total de cerca de 6.900 pessoas abrangidas pela Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), e foram realizados cerca de 89 mil testes rápidos e mais de 390 mil testes laboratoriais.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados (arquivo)