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Desabafos: Saltimbancos

Vinham numa carroça puxada por uma mula e iam anunciando, através dum funil, o evento.

- "Logo à noite, não perca o magnífico espectáculo pelas 21h00. Magia, malabarismos, contorcionista e o famoso palhaço Batatinha. Não perca!".

A moçada corria atrás da carroça e, com a algazarra, mais gente vinha à porta e às janelas para ver o que se passava.

À noite, pelas 21h00, lá estava toda a vila preparada para assistir ao espectáculo: o palco, uma manta estendida no chão, a luz forte dum petromax e o pessoal em volta.

A família de artistas, constituída por pai, mãe e dois filhos, iniciava o espectáculo. O pai era o mestre de cerimónias e o palhaço, a filha, a contorcionista, o filho, o malabarista, e a mãe a ilusionista. Entre cada actuação, um número musical.

Os aplausos e as exclamações de surpresa intercalavam com as gargalhadas das travessuras do palhaço. No final aceitavam o que os espectadores mandassem para cima da manta estendida no chão.

Era assim o circo das vilas e aldeias do interior do país. A televisão ainda não existia. Parece que foi ontem e já lá vão mais de sessenta anos.

João Henrique Farinha