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A obra será testemunho vivo

Alípio do Nascimento Silvério da Silva nasceu em Ribamar a 4 de Novembro de 1948 e faleceu a 9 de Dezembro de 2022.

Ribamar e também o Concelho da Lourinhã perderam um cidadão invulgar, um autarca de longo e reconhecido percurso (1976-2001), um líder social que passou por várias instituições locais e concelhias.

Alípio Silvério da Silva constará da relação dos Homens Bons de Ribamar, e do Concelho da Lourinhã, pela sua entrega à causa pública, nas suas diferentes vertentes: social, política e humana. Foi Presidente da Junta de Ribamar, e por inerência Membro desta Assembleia Municipal da Lourinhã, tendo sido também membro da Assembleia de Freguesia de Ribamar.

Um homem de sonhos! Sonhou alto para e por Ribamar, para que hoje o seu povo possa desfrutar, enquanto Vila, de equipamentos e estruturas que lhe dão qualidade de vida e orgulho tanto aos conterrâneos como a todos quantos a escolhem para viver.

Fiel aos ideais de abril, integrou as listas do Partido Socialista, desde as primeiras eleições autárquicas - 1976. E foi nesse longo período de tempo - 46 anos - que foi conquistando a confiança de Ribamar, pela sua intervenção/participação cívica e política, traduzida na assunção de diferentes cargos autárquicos: secretário da Junta de Freguesia de Santa Bárbara, no executivo então liderado pelo companheiro de luta, Manuel Filipe da Fonseca (1976), partilhou com Ele o executivo em (1979). Reconhecido como promotor e defensor acérrimo da autonomia de Ribamar como freguesia, lutou em várias frentes, sobretudo enquanto Presidente da Junta rumo à conquista da sua criação (1984). Promoveu a sua elevação a vila em 1997 e manteve-se honrosamente nos seus destinos máximos até 2001.

A audácia, a determinação, a visão de futuro, foram o seu palco de ação, mesmo quando as condições, as opiniões eram adversas e os tempos difíceis. Nunca virava costas, persistia nas conquistas e ideais.

Não foi só o autarca que durante quase três décadas representou o seu povo e conduziu os destinos da autarquia. Liderou várias comissões de trabalho: a que deu origem ao Centro de Bem Estar Social, hoje Centro Social e Cultural de Ribamar; a Comissão de festas de Ribamar; a Comissão de “Moradores” que fez nascer o primeiro “jardim de infância” ligado à Casa dos Pescadores e o então Posto Médico; foi membro fundador do Grupo Desportivo de Ribamar; acompanhou a Comissão de Criação da Escola C­+S e impulsionou a sua construção; promoveu o renascimento das marchas populares; do grupo de Jovens; do grupo de Teatro; apoiou os Escuteiros na criação do seu espaço; acolheu o Rancho Folclórico como secção do CSCR;  apoiou e integrou o Carnaval de Ribamar; dinamizou a área desportiva nas suas valências, dentro e fora do CSCR, que abarcam hoje mais de três centenas de praticantes… sem nunca deixar de ser parceiro das instituições e grupos da comunidade de Ribamar.

Presentemente presidia o CSCR, a sua segunda casa, como dizia. A instituição que além das suas valências sociais, é a maior empregadora colocando “pão na mesa” de muitas famílias e também central na oferta de respostas desportivas e culturais essenciais ao bem-estar e saúde da comunidade. Todos os ribamarenses são testemunhas de quanto amou a sua terra, de quanto por ela sempre lutou nas várias frentes e instâncias. Arregaçava as mangas e nada ficava para depois, a todas as portas batia, alargando por isso o leque das suas relações sociais, políticas e humanas.

O seu lema foi sempre servir, talvez em detrimento da sua vida privada e familiar…pois também era esposo, pai e um avô orgulhoso, visivelmente generoso. Sentia-se feliz e realizado quando tudo corria bem.

Uma vida dedicada durante mais de meio século em prol do próximo, onde as conquistas superaram algumas derrotas, sem nunca desistir de as enfrentar.

Gratidão ficará para sempre na dimensão da sua obra, e perdurará no tempo enquanto memória pela ação da sua vida.

À família, onde se sentiu amado, e que cedeu muito do seu tempo e espaço, deixamos a nossa solidariedade neste momento de dor e de perda.

Como dizia José Saramago: “…somos aquilo que fazemos”.

Obrigada Alípio pela entrega generosa da tua vida ao povo de Ribamar e do Concelho da Lourinhã. Ficarás para sempre… na obra que nos legaste. Até sempre.

Celina Fernandes