Pesquisa   Facebook Jornal Alvorada

Assinatura Digital

Natal de sempre

Quer de modo mais autêntico e interiorizado, ou ainda de feição singela e popular, o mundo celebra e confere primazia, nas várias vertentes da vida e desde data incerta, aos momentos altos da Natividade. É plenificante a beleza descritiva dos eventos após os cânticos heráldicos das “novas de grande alegria” do nascimento do Príncipe da Paz, - que não iria ter reino de possessões terrenas, - filho de membros da Casa Real de David, tendo o seu advento sido profetizado messianicamente por via veterotestamentária.

Apesar de actos impróprios e espúrios; de se ter obliterado, alterado e pervertido muito dos ensinamentos sublimes do Mestre, que veio substituir a Lei pelo Amor, foram projectados pelos séculos fora, raios de luz emanados de valores imorredouros que tiveram eco em homens e mulheres de boa vontade, que se agigantaram em actividades meritórias. Destaquem-se pontualmente dois casos exemplares de seres que se notabilizaram: Francisco de Assis e madre Teresa de Calcutá, esta paramentada apenas com serviço tão humilde como eficiente, junto de prostitutas e leprosos indianos.

Jesus, dotado de elevado grau de espiritualidade, era o ser humano mais adiantado da nossa onda de vida, tendo preparado um corpo para a missão de Cristo que, assim, pôde intervir como se fosse homem entre os homens. O anúncio do seu nascimento a Maria teve a glória celestial de ser feito por via angélica - Gabriel -, avisando-a do evento importante e de que o menino se chamaria Jesus. E bom será que Cristo vá nascendo internamente em cada homem, porque, assim não sendo, de nada valerá que Ele renasça mil vezes em Belém.

Repetida há séculos, mas sempre renovada, a festa de Natal pontuando a vida é a mais bonita do ano, comemorando-se em cada país de modo tão diferente. O Pai Natal, não obstante ter já sido usado abusivamente em publicidade comercial, continua a transmitir a mensagem que ajuda a sonhar com os valores cósmicos tradicionais.

Por associação ao Natal, floresceram lendas maravilhosas de grande beleza de efabulação e pletóricas de imagens imprevistas. O Pai Natal foi fulcro de histórias sem fim, como a de S. Nicolau, o “bispo-menino” da Turquia, envolvido em auréola de encanto e de existência duvidosa, tendo inspirado histórias infantis aos irmãos Grimm, como “A Branca de Neve e os sete anões”, revertida para o cinema. Na Escandinávia, onde se diz morar, toma o nome de Santa Claus. Na Noruega celebra-se um serviço especial para crianças. Os correios escandinavos recebem uma infinidade de cartas de todo o mundo, sempre respondidas com colorido postal.

O Natal é sempre magia envolvida em halo de beleza e santidade, a par e passo com o acontecimento cósmico do solstício de Inverno, o nascimento do Salvador na noite mais fria do ano, passando o Sol, na sua progressão, para o Norte, livrando os homens de perecerem de frio e fome.

Para lá da caducidade do tempo, vivamos os sonhos da Eternidade com pendor para o belo, justo e bom. Façamos nosso móbil primeiro e último a eliminação da irredutibilidade, dado que a nossa verdade é, no melhor dos casos, um segmento da mesma, como as sete cores constituintes do branco, não são nenhuma delas o branco absoluto. Intenções polémicas, quezílias pessoais, traumas e bloqueios não são o corpo de escol do Amor cristão, sendo a humildade um atributo de maturidade espiritual.

O mundo deixará de ser campo de batalha e o Natal será sempre, em instância última, um momento renovado de congregação e peregrinação a valores de sempre.

Henrique Pereira dos Santos