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Ficar no sofá não conta

Há uns tempos, numa animada conversa familiar sobre a importância do voto, o meu filho questionava porque é que vale a pena sairmos de casa para irmos votar em branco ou nulo, se de nada conta e é como se tivéssemos ficado no sofá. Engoli em seco e com um misto de orgulho e surpresa por tamanha sabedoria, expliquei que não ir às urnas é sinal de desinteresse para com o futuro, que a grande maioria abstém-se por comodismo, possibilitando que os políticos sejam escolhidos pela maioria de uma minoria, como aconteceu em 2019 em que apenas 48,57% votaram para a Assembleia da República e 30,73% para o Parlamento Europeu, o que enfraquece a democracia e a todos devia envergonhar.

Em 2017, dos 22979 eleitores inscritos no concelho da Lourinhã, apenas 12607 lourinhanenses (54,86%) votaram para a Câmara Municipal e destes, 422 pessoas (3,25%) votaram em branco e 286 (2,27%) votaram nulo. Foram 708 lourinhanenses que saíram de casa e participaram ativamente na votação, manifestando que não se reviam em nenhuma candidatura. É um número impressionante de pessoas que cumpriram o seu dever de cidadania e têm o meu total respeito, ainda que na prática os efeitos dos seus votos sejam infelizmente os mesmos dos 10372 lourinhanenses, que não tiveram a maçada de participar no mais importante ato democrático, conquistado com tanto esforço pelos nossos pais e avós.

De facto, tanto o voto em branco como o nulo não serão relevantes para a contagem dos votos expressos nas próximas eleições, não tendo influência no apuramento do resultado, nem contando para a repartição da subvenção estatal no valor de €189.594 que será atribuído aos partidos que concorrem à Câmara e Assembleia Municipal da Lourinhã e que consigam eleger um elemento ou tenham no mínimo 2% em cada sufrágio, sendo 75% distribuídos na proporção dos resultados eleitorais obtidos para a Assembleia Municipal.

É bem verdade que o voto em branco ou nulo, não deslegitimam ninguém para governar, contudo retiram legitimidade a todos quantos se apresentem a eleições sem merecerem a nossa confiança. Mais do que nunca é o que está em causa na escolha iremos fazer no próximo dia 26 de setembro. Contudo, quem não tem a nossa confiança não está nada preocupado com isso, até porque tal os conforta. Imaginem que todos iam votar ou que o voto passava a ser obrigatório, conseguem imaginar a angústia? Conseguem imaginar uma maioria que apenas eleja pessoas que nada tragam consigo, a não ser os seus valores e competência e nada pretendam, além de os pôr em prática? Eu ainda consigo e espero sinceramente, que todas as candidaturas façam um esforço para apresentarem projetos concretos que mobilizem à participação dos mais de 45% de lourinhanenses, que não querem saber quem ou como se gasta o dinheiro dos nossos impostos para termos um futuro melhor.

Não se esqueçam que os maus políticos são também eleitos por pessoas boas que não votam e que nas próximas eleições por um voto se ganha e por um voto se perde, já que nas autárquicas não há gerigonças e o próximo Presidente da Câmara e das Juntas de Freguesias serão mesmo os mais votados! Portanto no próximo dia 26 de Setembro vamos todos votar, à esquerda, à direita, ao centro, em branco ou com "bonecos", o importante e urgente é mesmo sair do sofá e ir votar!

Mafalda de Taborda Lourenço