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Relato de acidentes evitáveis

Hoje (17 de Outubro de 2020) ao vir de um passeio noto uma coluna de fumo no Planalto das Cesaredas. Como é minha prática regular, tentei localizar o potencial foco e liguei o 117 a reportar o incêndio florestal pelas 14h56, e de novo pelas 15h04 após ter a localização exacta: uma zona de mato e eucaliptal perto da aldeia do Moledo (coord.: 39.294, -9.255), a arder descontroladamente e sem ninguém no local. Havia duas frentes activas com labaredas que chegavam aos 10m de altura. Apesar de estar sozinho, achei que conseguiria ajudar a dominar a frente sul pelo que pequei um grande ramo verde que retirei de uma árvore e comecei a bater as chamas, finalmente deixando-as sob controle pelas 16h30.

Aproximadamente pelas 15h30 chegam um carro dos Bombeiros da Lourinhã que atacaram a frente norte, mais complicada, esvaziando toda a água dos seus tanques. O camião de reforço que vinha a caminho com mais água acabou por chocar com uma viatura ligeira na aldeia do Moledo, num acidente grave que requereu desencarceramento de três feridos, um em estado grave. O acidente imobilizou esse camião e paralisou meios que agora não podiam focar-se no incêndio.

No local de incêndio, o camião dos bombeiros ficou sem água, o outro estava retido na cena do acidente, levou à necessidade de chamar um carro de Bombeiros de Peniche.

No pico das operações estavam pelo menos 11 viaturas em acção.

O incêndio começou com uma queimada autorizada pelo SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) mas quando lá cheguei o incêndio estava descontrolado e sem ninguém por perto. Antes dos bombeiros chegarem, passaram senhores a pé e de carro, mas ninguém parou nem ajudou. Eu continuei a bater o fogo sozinho. Mais tarde uma senhora confidenciou-me que o seu marido estava a fazer aquela queimada autorizada, mas que foi almoçar a casa e não voltou ao terreno.

Em resumo: um incêndio florestal e um acidente de viação grave podiam ter sido evitado se o proprietário (que eu nunca vi nem conheço) tivesse sido minimamente responsável e não tivesse deixado uma queimada descontrolar-se. Acidentes podem acontecer e às vezes são inevitáveis, mas deixar uma queimada desatenta, não chamar os bombeiros e nem aparecer para a ajudar a mitigar o problema que criou é de uma enorme irresponsabilidade.

Apelos: 1) Nunca abandone uma queimada. 2) Ligue 117 em caso de incêndio.

Octávio Mateus