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40 º Aniversário do Rancho Folclórico ‘Os Pescadores de Ribamar’ - I Parte

ranchoribamar

O Rancho Folclórico ‘Os Pescadores de Ribamar’ comemora este ano o seu 40º aniversário. Foi a primeira das secções do Centro Social e Cultural de Ribamar, integrado aquando do lançamento da primeira pedra desta IPSS, a 25 de maio de 1980.

Mas a sua história tem raízes mais remotas, nasce nos largos da aldeia, nas rodas e danças de rua. Na década de 40 do Séc. XX, no seio da “comunidade escolar”, por iniciativa da professora Delfina Janeiro surgem os primeiros ensaios de um grupo de jovens rapazes e raparigas, que além de animarem os ditos largos da aldeia, acorriam às manifestações populares locais. Participaram em 1949 no cortejo de oferendas, a convite da então Comissão Organizadora de Eventos Culturais, destinado às obras da Igreja Paroquial da Lourinhã, a Igreja do Convento de Santo António. Esta juventude cresceu ligada ao Movimento da Ação Católica Rural que norteou as suas vidas nos valores e dinâmicas sociais, manteve vivo o grupo, levando-o a participar noutros cortejos, arraiais e atividades que foram o seu palco de ação e solidariedade a favor das comunidades/instituições do concelho da Lourinhã.

Honram este grupo alguns convites feitos pela rádio e televisão, nomeadamente ao programa ‘Praça da Alegria’ em Rio Maior, em 1964, onde conquistaram o segundo prémio, aquando do aniversário da ACR a nível da Diocese de Lisboa. Lançou o seu único disco em 1986; integrou a compilação musical de um CD da Câmara Municipal da Lourinhã denominado ‘Sons da Terra e do Mar’; enquanto parceiro dos Agrupamentos Escolares integrou o projeto ‘Vozes da Nossa Terra’, gravando em DVD a música ‘Dança do Pescador’; colabora no acolhimento cultural a alunos/professores nas parcerias interculturais dos Agrupamentos de Escolas com outros países; anima as unidades hoteleiras da região enquanto grupo folclórico de referência.

‘Os Pescadores de Ribamar’ foram o primeiro Rancho Folclórico do concelho, integrando dois grupos: um adulto e outro infantil; aquele que especificamente se ‘enamora’ das gentes do mar. Tem percorrido Portugal de norte a sul, na divulgação das suas raízes, enaltecendo o património cultural do concelho da Lourinhã, na sua dimensão enquanto região costeira ligada ao mar, zona oestina e de forma mais alargada ‘postal’ da Estremadura.

A sua projeção enquanto grupo etnográfico leva os seus elementos a apostarem numa pesquisa cuidada dos cantares antigos e indumentária, fiel à terra de pescadores, o que lhe conferiu o nome, assim como a todos os camponeses da sua aldeia. O trabalho e a labuta do mar inspiraram o seu reportório e o “fulgor” das suas danças; a tranquilidade das lides dos campos mescla o conjunto do seu atuar. Esta simbiose de mar e terra traduz o espírito e a vivência da comunidade onde se insere. Espelha nas suas atuações a beleza, o amor e a saudade, a dor e a alegria, a paz e a bravura - realidades das suas vivências quotidianas. São disso exemplo: o Vira da Nossa Terra, As Vindimas, Chora a Videira, As saudades, O Corridinho da Praia, O Pescador ou o Chico…entre outras dançadas pela pequenada: O Mar Está Bravo, Desfolhada; Parte, Parte Pescador ou a Bonequinha….

Aposta no intercâmbio cultural aderindo e convocando para festivais e atuações populares, diferentes grupos folclóricos regionais, tirando daí partido pela diversidade e riqueza que é o folclore. Alarga a sua ação por outras atividades populares, revisitando-as com encenações da desfolhada, cantares das Janeiras de porta em porta, entre outras demonstrações cénicas. Pelo Rancho Folclórico passaram já algumas centenas de pessoas desde dançarinos, cantores, instrumentistas, ensaiadores, apresentadores…. Quem não se lembra? Talvez só os mais velhos… do primeiro acordeonista, o sr. Augusto da Maceira e da Maria Luísa Antunes, a ensaiadora do Grupo? Nomear-se-ia muito mais gente na génese deste Rancho, que muito da sua vida lhe deu e que com o Rancho também cresceu como Homem, Mulher… como jovem, como criança, porque na verdade é um Grupo intergeracional, onde todos “dançam a mesma música” - o folclore.

Sónia Figueiredo, Susana Costa,Sónia Figueiredo, Susana Costa,Sílvia Vitorino e Noélia Filipe (artigo escrito segundo o Novo Acordo Ortográfico)