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Castanheira de Pera cria monumento ao neveiro que tem passado comum com a fábrica do gelo do Montejunto

castanheira de pera

A Câmara de Castanheira de Pera vai requalificar o Largo Herlander Machado, no Coentral, investimento de quase 600 mil euros que contempla um monumento ao neveiro, segundo o concurso público hoje publicado em Diário da República. Este concurso, com um preço base de 564.453,94 euros, é o segundo para a realização da obra, depois de o primeiro ter ficado deserto, disse à agência Lusa o presidente do município, António Henriques. “Este concurso público já havia sido lançado há cerca de dois meses e ficou deserto. Portanto, agora fizemos aqui um incremento de cerca de 150 mil euros a mais, para ver se conseguimos efectivar a obra”, explicou António Henriques.

Segundo o autarca, a requalificação do largo, conhecido também por “vidoiro”, tem dois grandes objectivos. “O primeiro [é] fazer com que aquele espaço, onde já agora se desenvolve a Feira da Castanha e do Mel, seja digno para receber este evento”, referiu, adiantando que se pretende, também, criar condições para que quem visita aquela zona do concelho “possa usufruir de uma loja onde vão ser vendidos produtos locais, nomeadamente a castanha e o mel, e de uma zona de bar e restauração que servirá de apoio”.

António Henriques afirmou que, na concepção do projecto, que inclui balneários, a autarquia teve “em consideração toda a envolvência, desde a serra da Lousã à história do neveiro”. Nesse sentido, o largo vai ter uma praceta com um monumento ao neveiro, um floco de neve, que “visa homenagear” esta profissão, declarou o presidente da Câmara. “No monumento que vamos ter ao neveiro, os coentralenses vão poder escolher algumas frases para colocar, para também envolver a população e não perdermos a nossa História”, assinalou.

Para já, o investimento é suportado por verbas municipais e tem um prazo de conclusão de 180 dias, com a autarquia a desejar que esteja pronto até ao final do ano. Herlander Alves Machado (1927-1992), que dá nome ao largo, foi “historiador, escritor, poeta, etnógrafo e defensor dos valores regionalistas”, segundo o sítio na Internet do Rancho Folclórico Neveiros do Coentral.

Em Janeiro, Castanheira de Pera e Cadaval assinaram um protocolo para promover e valorizar turística e culturalmente o passado comum de produção de gelo, que remonta ao século XVIII, anunciaram as autarquias. No protocolo, os municípios relevam a “história em comum relativa ao fabrico do gelo” nas serras da Lousã e de Montejunto, respectivamente, e comprometem-se a colaborar “com vista ao estabelecimento de condições favoráveis à criação, implementação e dinamização da Rota do Gelo”, entretanto denominada Rota do Neveiro.

No concelho do Cadaval, na Quinta da Serra, na Serra do Montejunto, “situa-se a Fábrica da Neve mandada reedificar por Julião Pereira de Castro, reposteiro e neveiro da Casa Real, no último dia de Janeiro de 1782”, enquanto em Castanheira de Pera, no Cimo do Cabeço do Pereiro, na serra da Lousã, se encontram “os Poços da Neve, estruturas onde se juntavam as neves e armazenava o gelo, cuja existência o alvará de D. José faz remontar a pelo menos 1757”. No documento é referido que, “na serra de Montejunto, o gelo era fabricado através de lençóis de água distribuídos pelos tanques, expostos às baixas temperaturas das noites de Inverno”. Já na serra da Lousã, era feita a recolha da neve, calcada e armazenada em gelo directamente nos poços.

No sábado, às 16h00, na Casa do Tempo, em Castanheira de Pera, vai ser apresentada a imagem da Rota do Neveiro.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: CMCP