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Rio Maior junta-se a Caldas e Óbidos na defesa do Hospital do Oeste na fronteira destes dois concelhos

Caldas Obidos e novo hospital 2023

O Município de Rio Maior, cujo concelho é servido pelo Hospital de Santarém, juntou-se hoje a Óbidos e Caldas da Rainha na defesa da localização do novo hospital do Oeste neste último concelho, na zona de fronteira com o vizinho obidense, alegando que parte da sua população é servida na unidade desta cidade. Numa conferência de imprensa conjunta esta manhã na cidade termal, os três presidentes de câmara alertaram o Governo para a necessidade de “ter em conta critérios mais alargados” do que aqueles que foram analisados num estudo sobre a localização do futuro hospital do Oeste, cuja decisão o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, anunciou em Torres Vedras que será divulgada até ao final de Março.

A realização do estudo pela Universidade Nova de Lisboa, decidido por unanimidade pelos 12 autarcas da OesteCIM - Comunidade Intermunicipal do Oeste em Outubro de 2020, aponta o Bombarral como a localização ideal para o hospital que deverá servir todos os concelhos oestinos, escolha que tem sido contestada pelos municípios das Caldas da Rainha e de Óbidos. Esta localização dista apenas a 17 quilómetros da área que defendem, na confluência destes dois concelhos, num terreno junto às oficinas municipais caldenses e à Linha do Oeste, para onde sugerem a construção de um apeadeiro, colocando Torres Vedras a 41 km do futuro hospital, ao invés de 24 quilómetros se fosse junto ao Estádio Municipal do Bombarral.

À contestação juntou-se hoje o presidente social-democrata da Câmara de Rio Maior, Filipe Santana Dias, que entrou agora nesta equação e que fez as contas de que “deslocalizar para fora do concelho das Caldas da Rainha esta unidade hospitalar” deixará cerca de 12 mil pessoas do seu concelho com “menos disponibilidade de serviços e menos qualidade de serviço, a partir do momento em que a distância ao hospital se torna maior”. De acordo com o autarca, apesar de Rio Maior ter como referência o Hospital de Santarém, “grande parte da população continua a ser servida nas Caldas da Rainha, nomeadamente nos serviços de obstetrícia”. Contestando que a escolha seja feita “meramente a regra e esquadro”, privilegiando o critério da distância aos concelhos do norte e do sul do Oeste, o autarca desafiou o ministro da Saúde a ir ao terreno para “perceber realmente o que é a influência do Centro Hospitalar do Oeste no concelho de Rio Maior”, lembrando que “não é no conforto do gabinete que se conhece o país real”.

A posição da autarquia de Rio Maior junta-se à contestação a que os concelhos das Caldas da Rainha e Óbidos têm vindo a dar voz, criticando os critérios utilizados no estudo para definir a localização e perfil assistencial do hospital, cujas conclusões deverão sustentar a decisão do Governo. Na conferência de imprensa realizada nos Paços do Município, o presidente do executivo camarário, o independente Vítor Marques, e o de Óbidos, o social-democrata Filipe Daniel, lembraram que desde a adjudicação do estudo que defendem o alargamento dos critérios e contestam as conclusões do documento que pode determinar que o hospital seja construído no Bombarral, deixando “depauperada a zona norte do Oeste”. Vítor Marques alega que Caldas da Rainha é o melhor local para a construção do novo, até pelas raízes históricas que advêm do Hospital Termal, estando convicto - tal como o seu colega obidense - que os dois concelhos “constituem o eixo em torno do qual giram as dinâmicas socioeconómicas da região do Oeste”. Questionado pelo ALVORADA sobre a distância a que ficaram os concelhos do sul, nomeadamente Torres Vedras, o autarca justificou para a existência nesta cidade de hospitais privados e de estar mais perto das unidades hospitalares da Área Metropolitana de Lisboa que poderiam receber os doentes.

Os três municípios defendem que o novo hospital seja construído num terreno na confluência de Óbidos e Caldas da Rainha, com uma área total de 196 mil metros quadrados e uma área bruta de construção de 75 mil metros quadrados, que permitirá servir uma população de perto de 360 mil pessoas dos concelhos de Torres Vedras, Alcobaça, Caldas da Rainha, Alenquer, Peniche, Lourinhã, Rio Maior, Nazaré, Bombarral, Cadaval e Óbidos. Acessível através das autoestradas 8 (que liga a Lisboa) e 15 (que liga a Santarém), ao itinerário principal 6 (que liga a Peniche) e com ligações a estações rodoviárias e ferroviárias o local permitirá ainda 1.700 lugares de estacionamento. Na proposta das autarquias, o novo hospital poderá incluir 600 camas de internamento, seis salas de maternidade e seis blocos operatórios, bem como 69 postos de tratamento no hospital de dia, entre outros serviços e especialidades. Os três autarcas afirmaram que irão continuar a bater-se pela localização do novo hospital na confluência dos dois concelhos até que seja conhecida a decisão do Governo, que aceitarão se for contrária aquela que defendem.

A construção do novo hospital nesta localização está também a ser defendida numa petição pública subscrita por vários partidos políticos e que o primeiro subscritor, o social-democrata Paulo Espírito-Santo, disse hoje à agência Lusa reunir “mais de cinco mil assinaturas”, para levar o documento à Assembleia da República.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA