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Novo hospital do Oeste poderá ter mais de 600 camas de internamento e 32 especialidades

OesteCIM

O estudo sobre o perfil assistencial do futuro hospital do Oeste recomenda que a unidade tenha entre 446 e 625 camas de internamento, 32 especialidades na consulta externa, um hospital de dia e urgências de psiquiatria.

O estudo encomendado pela OesteCIM - Comunidade Intermunicipal do Oeste, a que a agência Lusa teve hoje acesso, aponta quatro cenários alternativos no que respeita à estimativa do número de camas para satisfazer as necessidades de internamento, tendo como horizonte temporal o ano de 2031.

Se o objectivo for abranger os 12 municípios da OesteCIM e as oito freguesias de Mafra (actualmente servidas pelo CHO - Centro Hospital do Oeste), num total de 421.963 habitantes (com base nos Censos de 2021), o novo hospital deverá ter 537 camas para responder à procura do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou 625 se pretender abranger a transferência potencial dos serviços prestados no privado, refere o documento. Nos outros dois cenários estudados, excluindo as freguesias de Mafra e vocacionando o novo hospital para os 363.551 habitantes do Oeste, o numero de camas estimado será de 446 para responder à procura do SNS e de 517 para abranger a transferência de utentes do privado.

Com base na análise da procura potencial de cuidados de saúde no futuro hospital, os autores do estudo, realizado pela Universidade Nova de Lisboa, recomendam que o mesmo deverá contar com 32 especialidades ou tipologias na consulta externa, incluindo Cirurgia Plástica, Psicologia da Infância e Adolescência, Radioterapia, Consulta da Atendimento não Programado e Consultas de Grupo, entre muitas outras.

No internamento, a recomendação é para que o hospital disponibilize 15 especialidades e tipologias e também hospitalização domiciliária, esta última já existente no CHO. No serviço de urgências, o estudo defende uma tipologia que inclua as especialidades de Urgência Geral, Urgência Ginecológica, Urgência Pediátrica e Urgência de Psiquiatria.

Os autores do estudo defendem ainda que o novo hospital deve ter Cirurgia Programada (ambulatória e convencional) e Cirurgia Urgente; serviço de partos de todas as tipologias e um Hospital de Dia com as especialidades de Imuno-hemoterapia, Oncologia, Pediatria, Pneumologia, Psiquiatria, Nefrologia para Hemodiálise e Radioterapia.

As conclusões do Estudo Sobre o Futuro da Política Pública da Saúde no Oeste foram hoje apresentadas aos autarcas dos 12 municípios que integram a OesteCIM: Alcobaça, Bombarral, Caldas da Rainha, Nazaré, Óbidos, Peniche, Alenquer, Arruda dos Vinhos, Cadaval, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço e Torres Vedras.

Numa primeira fase foram definidas as potenciais localizações para o futuro hospital, com os concelhos do Bombarral e Torres Vedras apontados como tendo as maiores potencialidades para a construção desta unidade, e, na segunda fase, definido o perfil assistencial necessários para dar resposta às populações, actualmente servidas pelo Centro Hospitalar do Oeste, que integra os hospitais das Caldas da Rainha, Torres Vedras e Peniche, abrangendo cerca de 300 mil habitantes dos concelhos de Caldas da Rainha, Óbidos, Peniche, Bombarral, Torres Vedras, Cadaval e Lourinhã e de parte dos concelhos de Alcobaça e de Mafra.

O estudo foi na segunda-feira entregue ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, em Torres Vedras, que se comprometeu a anunciar a localização até 31 de Março de 2023 e o perfil assistencial até Setembro do próximo ano.

Novo hospital deverá reduzir em 237 milhões os gastos por ano em sistemas privados

O novo hospital do Oeste deverá aliviar outros hospitais de mais de 600 mil consultas e 14 mil internamentos e poupar aos utentes que recorrem ao privado 237 milhões de euros por ano, conclui o estudo encomendado pelos municípios.

O Estudo Sobre o Futuro da Política Pública da Saúde no Oeste, encomendado pela OesteCIM à Universidade Nova de Lisboa concluiu que, dada a “resposta pública potencialmente deficitária” proporcionada pelo Centro Hospitalar do Oeste, “o elevado custo suportado anualmente pela população do Oeste é de 530 milhões de euros (ME)”, dos quais 237 ME referentes aos custos nos sistemas de saúde privados, que podem ser reduzidos com a construção do novo hospital do Oeste.

O documento, a que a agência Lusa teve hoje acesso, estimou o impacto económico anual suportado pela população com base no tempo despendido, custos de deslocação e serviços suportados pela população nos últimos 12 meses. Segundo o estudo, o impacto do tempo despendido na utilização do Sistema Nacional de Saúde (SNS) foi de 68,8 milhões ME e no privado ascendeu a 68,4 ME, totalizando 137,2 ME. Já o impacto dos custos de deslocação foi de 58,8 ME para usar o SNS e de 96,8 ME para os sistemas privados, a que se somaram 237,1 ME relativos aos custos dos serviços de saúde privados, totalizando assim um impacto de 392,7 ME.

“A abertura do futuro hospital do Oeste apresenta um potencial de redução significativa de todas as componentes deste custo, com especial destaque para os 237 ME referentes aos custos do sistema privado”, defende o estudo apresentado hoje aos 12 municípios da OesteCIM. De acordo com o documento, o CHO cobre menos de 40% das consultas anuais da população da região Oeste e apenas 35% do total de cirurgias de ambulatório, “evidenciando que uma parte significativa da procura está a ser satisfeita por outros hospitais do SNS”.

Psiquiatria, ortopedia e cirurgia geral foram as consultas mais realizadas noutros hospitais do SNS, enquanto no privado o estudo destaca as de oftalmologia, clínica geral, medicina dentária, ginecologia e cardiologia.

Mais do dobro das consultas externas foram realizadas no privado, revela o estudo, estimando, com base nos dados de 2021, que a abertura do novo hospital tenha um impacto potencial de redução de “mais de 600 mil consultas, cerca de 93 mil episódios de urgência, cerca de 14 mil internamentos e mais de nove mil cirurgias de ambulatório”, que deixarão de ser feitas noutros hospitais do SNS.

O novo hospital permitirá ainda reduzir os tempos de espera para consultas externas, actualmente a rondar os 108 dias (em média), conclui o estudo Sobre o Futuro da Política Pública da Saúde no Oeste, cuja segunda fase, sobre o perfil assistencial, foi hoje apresentada aos autarcas.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)