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Incêndios: Ambientalistas alertam que Serra do Montejunto está desprotegida mas liderança da Área Protegida desmente

Serra do Montejunto

A Serra do Montejunto está exposta a “maiores riscos” de incêndio devido ao aumento de plantações ilegais de eucalipto e à inoperacionalidade da comissão directiva da Paisagem Protegida, alertou hoje a associação ambientalista Alambi, o que é desmentido por aquela entidade.

“As plantações de novos povoamentos de eucalipto não têm parado, sobretudo em terrenos agrícolas ‘encravados’ entre os imensos baldios geridos pelo ICNF [Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas] ou por compartes, sendo assim criada em Montejunto uma mata contínua, com cada vez menos aceiros e espaço de corta-fogo, o que dificulta as possibilidades de controlo de incêndios, priva os bombeiros de zonas de refúgio, em caso de necessidade, e expõem-nos e aos equipamentos a maiores riscos”, refere a Alambi num comunicado hoje divulgado. Segundo esta associação ambientalista do concelho de Alenquer, a Paisagem Protegida da Serra do Montejunto, que completou 23 anos, está “sem qualquer trabalho de conservação” e “sem uma gestão regular”.

Questionado pela agência Lusa, Dinis Acácio, vereador da Câmara Municipal do Cadaval e presidente da comissão directiva da Paisagem Protegida da Serra do Montejunto contradiz as críticas e acusações, esclarecendo que tem havido trabalhos de limpeza contra incêndios, através da manutenção das faixas de combustível e da criação de corta-fogos, além de acções de prevenção e vigilância da floresta contra incêndios. “A serra está sem arder desde 2004 e não é por acaso”, enfatizou.

Em relação aos eucaliptos, esclareceu que a comissão directiva sempre deu pareceres negativos à plantação de eucaliptos e afirmou que, “nos últimos cinco anos, não há plantações novas” ilegais, graças ao trabalho “no terreno” dos técnicos municipais. Dinis Acácio contrapôs a falta de gestão, explicando que os órgãos da comissão directiva da paisagem estão no activo e se reúnem com periodicidade, havendo por isso uma gestão regular.

A Alambi criticou ainda a decisão de autorizar a passagem na serra de desportos motorizados, nomeadamente o Rali de Lisboa, por constituírem “factores de perturbação e de risco para a vida selvagem, incompatíveis com os objetivos de conservação subjacentes a uma Área Protegida e à Rede Natura”. Aquela associação ambientalista alertou ainda que, apesar de existir há 23 anos, esta paisagem protegida não tem ainda em vigor o respectivo plano de ordenamento e gestão e que o conselho consultivo da paisagem não reúne há 20 anos.

Dinis Acácio remeteu para a tutela - o Ministério do Ambiente e da Acção Climática - a responsabilidade do plano de gestão, que está em elaboração, adiantando que a comissão directiva também tem “insistido” na falta desse documento.

A Serra do Montejunto está abrangida pelos concelhos de Alenquer e do Cadaval, cujos municípios dividem a direcção da comissão com o ICNF, foi classificada como paisagem protegida de âmbito regional em 1999, com os objectivos de conservar e valorizar a paisagem e o património natural e promover aí o turismo. Ponto mais alto da região Oeste, eleva-se a 666 metros de altitude e possui uma área de quase cinco mil hectares, onde existem 400 espécies de plantas e 75 espécies de aves diferentes. A sua importância também se deve à existência de património histórico, composto pelo convento dominicano mais antigo do país e a Real Fábrica do Gelo, monumento nacional que noutros tempos fornecia gelo à corte em Lisboa. Além da Real Fábrica do Gelo, está também aberto aos visitantes um Centro de Interpretação e um parque de campismo.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)