Linha do Oeste: Ministro garante que "ninguém pára o comboio" depois de adjudicação da ligação Torres/Caldas
- Oeste
- 28/06/2022 22:05
O ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, garantiu hoje, nas Caldas da Rainha, que chegaram ao fim décadas de desinvestimento na Linha do Oeste e que, com a modernização prevista até ao Louriçal, no concelho de Pombal, “já ninguém pára o comboio”.
“É, de facto, difícil de compreender como foram tantas as décadas em que nós deixamos de investir na ferrovia, encerrámos linhas e nos focámos quase exclusivamente na rodovia”, afirmou Pedro Nuno Santos, na cerimónia de consignação da empreitada de Modernização do troço da Linha do Oeste entre Torres Vedras e Caldas da Rainha, garantindo que esta via férrea “já não está ao abandono e ao esquecimento”.
A consignação marca o arranque da obra de 38,4 milhões de euros para modernizar um troço de 44 quilómetros da via, entre Torres Vedras e Caldas da Rainha.
Um investimento que, para o ministro das Infraestruturas e Habitação, porá fim aos atrasos na linha que “não são de meses, nem de anos, são de décadas”, e colocará em marcha a modernização que o Governo garante que avançará “até ao Louriçal no próximo ciclo de investimento na rede ferroviária”.
Depois de o primeiro ciclo de investimento, que engloba a empreitada já em curso no troço Meleças-Torres Vedras, ter estado “mais concentrado no transporte de mercadorias e na electrificação da rede”, o próximo ciclo Ferrovia 2030, que contempla a modernização até ao Louriçal, “está focado mais no passageiro”, disse o governante.
A região do Oeste, e o distrito de Leiria em particular, "beneficiará de um dos maiores investimentos ferroviários que o país já alguma vez já conheceu”, disse Pedro Nuno Santos, assegurando que “já ninguém pára o comboio”.
A obra adjudicada ao consórcio Ramalho Rosa Cobetar, Sociedade de Construções S.A./FCC Construcción, S.A. e Contratas Y Ventas, S.A.U. (Convença) consiste na electrificação e modernização da via numa extensão de 44 quilómetros. Além disso, engloba a renovação e rectificação do traçado (incluindo a construção de um novo traçado em cerca de dois quilómetros) o que, segundo o vice-presidente da Infraestruturas de Portugal (IP), Carlos Fernandes, passará a permitir “a circulação de comboios convencionais a uma velocidade entre os 120 e os 140 quilómetros por hora”.
A empreitada prevê também a reabilitação de cinco estações (Torres Vedras, Ramalhal, Outeiro, Bombarral e Caldas da Rainha), quatro apeadeiros (Paúl, São Mamede - que passará a estação -, Dagorda e Óbidos), a supressão de quatro passagens de nível e a automatização das restantes.
O projecto contempla ainda a construção de quatro passagens desniveladas nos concelhos de Torres Vedras (Ramalhal, Campelos e Outeiro da Cabeça) e Óbidos (Santa Maria, São Pedro e Sobral da Lagoa) e a instalação de sinalização electrónica “que garante o reforço das condições de segurança e circulação ferroviária”, afirmou o responsável.
A intervenção neste troço insere-se num projecto de modernização com um investimento global de 158 milhões de euros, dividido em duas grandes empreitadas, a primeira das quais já em curso, e que corresponde à electrificação e modernização do troço entre Mira Sintra-Meleças e Torres Vedras, no valor de 61,5 milhões de euros. Esta modernização, aliada à substituição do material circundante, “possibilitará a redução do tempo de viagem entre Caldas da Rainha-Lisboa e Torres Vedras-Lisboa em cerca de 30 minutos”, explicou Carlos Fernandes.
No final da obra, com uma duração prevista de 22 meses, a Linha do Oeste estará em condições de “aumentar a oferta das atuais 16 circulações para 48, 24 em cada sentido”, afirmou, acrescentando que o investimento contribuirá para “a criação de algumas centenas de postos de trabalho” durante a obra e, quando esta estiver concluída, possibilitará a “redução de 25 toneladas de CO2 nos primeiros 25 anos do projecto”.
Já no que toca à convicção do ministro de que “ninguém para o comboio”, Carlos Fernandes remeteu-a para depois da conclusão das obras que “serão realizadas maioritariamente com a linha em operação”, mas que vão implicar quatro meses de encerramento no troço entre a Malveira e Torres Vedras para “uma intervenção de grande complexidade no túnel de Sapataria”.
No troço entre Torres Vedras e Caldas da Rainha estão previstas interdições de oito horas durante a noite e oito interdições alargadas de fim de semana, com 57 horas de duração. Porém, a IP admite negociar o encerramento da linha entre Caldas da Rainha e Torres Vedras na mesma altura do encerramento entre Malveira e este concelho, para permitir “optimizar meios e antecipar a conclusão da obra”, acrescentou o vice-presidente da empresa pública.