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Autarcas das Caldas da Rainha pressionam Governo sobre escolha do futuro Hospital do Oeste

hospitalcaldasrainha

A Câmara Municipal das Caldas Rainha, liderada pelo independente Vítor Marques, manifestou ao Governo que a cidade termal tem todas as condições para acolher o futuro Hospital do Oeste. Numa posição oficial divulgada esta tarde e remetida ao ALVORADA, a edilidade refere que foi recebida na última quinta-feira pela ministra da Saúde, tendo sido explicado à governante que esta é a melhor solução pela “centralidade” e pelas “condições que a cidade tem para receber e fixar os profissionais de saúde (médicos e enfermeiros) que venham a ser contratados”. Recorde-se que ainda não há nenhuma decisão oficial sobre o local que poderá receber o futuro hospital que servirá grande parte dos concelhos da nossa região. A hipótese mais falada e que poderá reunir mais consenso entre os 12 autarcas da OesteCIM - Comunidade Intermunicipal do Oeste foi apresentada pela Câmara Municipal do Bombarral, que dispõe para o efeito de um terreno com 50 hectares junto à zona desportiva e ao nó de acesso da A8.

Nesta reunião foi ainda defendida pelos autarcas caldenses que “a opção pelas Caldas estenderia ainda a área de abrangência a praticamente toda a região Oeste (Torres Vedras, Mafra, Cadaval, Lourinhã, Bombarral, Óbidos, Peniche, Caldas, Nazaré e Alcobaça) e até a outros concelhos, como Rio Maior”. Por outro lado, se a localização for a sul das Caldas, a autarquia é de opinião que “a abrangência territorial far-se-á sobretudo numa região com maior oferta, dada a proximidade do Hospital de Loures, deixando a região a norte, nomeadamente Caldas da Rainha, numa situação comparativamente desfavorável”. Foi também manifestado à ministra Marta Temido que a actual situação - três hospitais e três serviços de urgência na região - resulta “num efeito desagregador, que compromete a qualidade do serviço prestado”.

Face às pretensões dos autarcas da Caldas da Rainha, segundo o comunicado da autarquia, a governante terá reconhecido “a necessidade de construir o novo Hospital do Oeste e asseverou a intenção do Governo de dar início à sua construção”. Todavia, terá defendido nesta reunião que é importante aguardar pelo estudo que a OesteCIM tem em curso e sem o qual seria "extemporâneo" tomar qualquer posição. “Há empenho na construção do Hospital do Oeste e na melhoria dos serviços”, terá garantido Marta Temido.

Outros argumentos aduzidos pelos autarcas de Caldas da Rainha alicerçam-se ainda no facto da cidade, por razões geográficas, a que “mais necessita duma urgência médico-cirúrgica correctamente dimensionada, a melhor solução para os cuidados hospitalares seria a conjugação de um único hospital (nas Caldas da Rainha), complementado com clínicas de ambulatório noutros locais, por exemplo, Nazaré, Peniche e Torres Vedras”. Argumentam ainda que “a ausência de um hospital que resolva integralmente as necessidades do Oeste aumenta a desertificação das freguesias do interior, que também se confrontam com dificuldades ao nível da prestação de cuidados primários de saúde, como é o caso da Freguesia do Landal, que se encontra sem médico de família”.

O presidente da Câmara Municipal das Caldas da Rainha, Vítor Marques, foi acompanhado a esta reunião pelos vereadores Conceição Henriques e Luís Patacho (PS), pelo líder do movimento independente ‘Vamos Mudar’ na Assembleia Municipal, António Curado, e pelos deputados municipais sociais-democratas Filomena Gonçalves e Pedro Marques. Para além da ministra Marta Temido participaram na reunião, por parte do Ministério da Saúde, Elsa Baião, presidente do Conselho de Admiração do Centro Hospitalar do Oeste, e o presidente do Conselho Directivo da ARSLVT - Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, Luís Pisco.

Este encontro solicitado pela autarquia caldense teve como intuito manifestar um conjunto de preocupações referentes ao estado da saúde no concelho, e na região, em especial a situação no Hospital das Caldas da Rainha, que foi assim o principal ponto da agenda. No que se refere à actual cobertura de cuidados hospitalares no concelho, “esta é visivelmente insuficiente, como comprova o protesto espontâneo que se gerou à porta do serviço de urgência, envolvendo enfermeiros e utentes, e de que a comunicação social deu nota”. Para o edil Vítor Marques, o hospital público da cidade “tem graves insuficiências de resposta”, designadamente nos serviços de laboratório de anatomia patológica, obstetrícia e neonatologia, diabetes, cirurgia ambulatória e cuidados intensivos.

Perante esta situação, Marta Temido terá contraposto que há investimentos que vêm sendo feitos no Hospital das Caldas em dotação de enfermeiros, mas também na requalificação do serviço de urgência, cuja conclusão está para breve. No mesmo sentido, a administradora hospitalar Elsa Baião reconheceu que “existem dificuldades financeiras e técnicas” mas deu nota de um plano director para o crescimento do CHO, cuja concretização, porém, “não pode ser garantida no curto prazo”. Já Luís Pisco referiu que a saída de 154 médicos da região [de Lisboa e Vale do Tejo], onde se inclui o Oeste, “contribuiu para os problemas sentidos nas unidades hospitalares” e manifestou disponibilidade para uma reunião com as autoridades municipais locais para “avaliar a situação”.

Neste encontro com a tutela, os responsáveis autárquicos caldenses falaram também do trabalho que está a ser realizado para a reactivação do Hospital Termal. Face à necessidade de uma nova campanha de vacinação no âmbito da luta contra a pandemia de Covid-19, Vítor Marques deixou a garantia de “total disponibilidade” do município para colaborar com o Ministério da Saúde.

Texto: ALVORADA
Fotografia: Sofia de Medeiros/ALVORADA (arquivo)