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Sítio do naufrágio do ‘San Pedro de Alcantara’ vai ser preservado e valorizado em Peniche

San Pedro de Alcantara

O mais trágico naufrágio ocorrido na nossa costa vai ser alvo de um conjunto de medidas concertadas para que continue a ser recordado em Peniche. 203 anos depois do acidente que marcou a vida desta população e que veio a ter repercussões em toda a Europa, a embarcação espanhola naufragada ao largo da cidade penichense volta à ordem do dia. O local, conhecido como Porto da Areia do Norte, irá ser intervencionado na sequência da aprovação da candidatura que o Município de Peniche apresentou ao Programa Operacional Mar 2020, no âmbito do Grupo de Acção Local Pesca Oeste, com a designação ‘Valorização Paisagística do Depósito Funerário de Catástrofe do Naufrágio do Navio San Pedro de Alcantara’.

Segundo uma nota de imprensa da autarquia penichense enviada ao ALVORADA, através desta intervenção de preservação, valorização paisagística e divulgação do local, “será possível dar a conhecer um dos episódios mais significativos da historia trágico-marítima do nosso concelho, potenciando o valor patrimonial imaterial deste acontecimento e homenageando as 128 pessoas que faleceram, num total de 440 passageiros, dos quais 80 foram aqui sepultados”.

Construído na Ilha de Cuba, o navio de 64 canhões iniciou a sua viagem no Perú, fez escala no Rio de Janeiro para reparações e tinha como destino a cidade portuária espanhola de Cadiz. O trágico acontecimento ocorrido na noite de 2 de Fevereiro de 1786 viria a merecer forte atenção por parte dos investigadores no século XX. O sítio marítimo do acidente e o local da deposição e enterramento dos náufragos foram o ponto de partida para uma investigação que abrangeu diversas disciplinas do conhecimento técnico, científico e artístico, com o intuito, segundo a edilidade penichense, “de trazer para a actualidade a percepção da dinâmica despoletada pelo naufrágio e as consequências que dele resultaram”.

Nos cerca de 1.700 m2 da área de intervenção, pretende-se invocar o acontecimento com a modelação de um navio cuja proa será um miradouro e a ré constituirá um espaço de reunião de visitantes. Um passeio panorâmico irá interligar os dois espaços, abrindo-se para o campo arqueológico. As herbáceas e gramíneas que serão plantadas no local, associadas a blocos de pedra calcária da região, acrescentarão presença e movimento. A intervenção abrange ainda a requalificação do acesso à frente habitada nascente, incluindo um corredor pedonal e automóvel. O investimento elegível é de 145.139,25 euros, composta por uma comparticipação do FEAMP - Fundo Europeu dos Assuntos Marítimos e das Pesca de 123.368,36 euros e por uma comparticipação nacional de 21.770,89 euros.

Texto: ALVORADA