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Investimento no Museu da Resistência e Liberdade em Peniche sobe para 4,3 milhões de euros

fortalezadepeniche

O Museu Nacional da Resistência e da Liberdade, em Peniche, vai ter um custo final de 4,3 milhões de euros, mais cerca de 800 mil euros do que o inicialmente previsto, foi hoje anunciado. “Há zonas descobertas que importa agora preservar”, disse à Lusa a ministra da Cultura, Graça Fonseca, justificando o aumento da estimativa de custos do museu, de 3,5 milhões de euros, para 4,3 milhões.

A fortaleza que acolheu uma das prisões políticas do Estado Novo “teve várias utilizações desde o 25 de Abril e, portanto, tem vários elementos que foram descaracterizando o edifício”, afirmou a ministra, à margem de uma visita de trabalho ao edifício, onde foram descobertas zonas “relativamente desconhecidas” e que se revelaram importantes para “preservar e manter”.

A secretária de Estado Adjunta e do Património Cultural, Ângela Ferreira, explicou o aumento da verba com “a revisão final do projecto, em que foram feitas algumas descobertas que têm que ser acompanhadas de trabalhos arqueológicos e documentais”. Questionada pela Lusa, a governante adiantou que o concurso público para a empreitada final da obra, no valor de 2,5 milhões de euros, deverá “decorrer durante o próximo mês”, estimando o ministério “que até ao final de Novembro se possa assinar o contrato”.

A ministra e a secretária de Estado participaram hoje em reuniões de trabalho do Comité Executivo do Museu de Peniche e da Comissão de Instalação de Conteúdos e Apresentação Museológica, marcadas pela assinatura de dois protocolos de cooperação entre a Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), o Partido Comunista Português (PCP) e a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP).

O Museu Nacional da Resistência e da Liberdade vai surgir na Fortaleza de Peniche, onde têm estado a decorrer obras de requalificação e onde foi inaugurada, em Abril de 2019, a exposição ‘Por Teu Livre Pensamento’, uma amostra do que vai ser o futuro museu.

Em Abril de 2017, o Governo aprovou um plano de recuperação da Fortaleza de Peniche para instalar o museu na antiga prisão da ditadura do Estado Novo, destinada a presos políticos. Em Setembro de 2016, a Fortaleza de Peniche foi integrada pelo Governo na lista de monumentos históricos a concessionar a privados, no âmbito do programa ‘Revive’, mas passados dois meses foi retirada, pela polémica suscitada, levando a Assembleia da República a defender a sua requalificação, em alternativa.

A fortaleza, classificada como Monumento Nacional desde 1938, foi uma das prisões do Estado Novo de onde se conseguiu evadir, entre outros, o histórico secretário-geral do PCP Álvaro Cunhal, em 1960, protagonizando um dos episódios mais marcantes do combate ao regime ditatorial.

PCP e União de Resistentes Antifascistas cedem conteúdos para museu em Peniche 

A Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), o PCP e a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP) assinaram hoje dois protocolos com vista à partilha de conteúdos com o Museu de Resistência e da Liberdade em Peniche. “O que se quer aqui é que não seja um museu apenas, mas algo que as novas gerações reviverem aquilo que nunca imaginaram que alguém viveu”, afirmou a ministra da Cultura, Graça Fonseca, durante assinatura dos dois protocolos que têm por objectivo definir as condições de cooperação para o desenvolvimento de um conjunto de acções previstas no projecto de criação do novo museu. 

Nos dois protocolos, assinados por António Garcia Capucho, em representação do PCP, e por José Pedro Correia Soares, em representação da URAP, as duas entidades - que integram a Comissão de Instalação dos Conteúdos e da Apresentação Museológica - comprometem-se a colaborar na criação de conteúdos do museu. Nomeadamente a ceder “gratuita e temporariamente” peças e documentos identificados como relevantes “para completar e enriquecer o museu, em regime de depósito (ou doação)”, bem como a participar em acções de divulgação, incluindo colóquios, conferências, visitas guiadas específicas e acções do Serviço Educativo.

Cada um dos protocolos define, igualmente, o compromisso das partes em “colaborar, quando tal se mostre conveniente ou útil, de acordo com o comum julgamento de todos”, na divulgação recíproca das atividades do museu, do PCP e da URAP e na realização “de eventos conjuntos sempre que tal se mostre oportuno, mantendo, para o efeito, permanente comunicação recíproca das respetcivas actividades”.

Por parte da URAP, a colaboração vai passar pela “entrega de alguns objectos e, sobretudo, muitos textos de muitos presos políticos”, disse José Pedro Correia Soares, sublinhando tratar-se de “um património muito importante”.

Do lado do PCP, a colaboração será no sentido de transformar o museu “numa memória viva do que foi a luta pela conquista da liberdade”, disse António Garcia Capucho, convicto de que o espaço transmitirá “aquilo que foi a gesta heroica do povo português”.

Nos termos dos documentos a assinar, a DGPC disponibilizará ao PCP e à URAP “todas as informações relevantes sobre o Programa Museológico”, assegurando que peças e documentos pertencentes às duas entidades e que sejam cedidos em regime de depósito e/ou doação ao museu “beneficiarão das condições de conservação e exposição exigidas e regulamentadas para o património móvel”.

Válidos por um período de cinco anos, os dois protocolos juntam-se a um outro já assinado com a Ephemera, espelhando a participação cívica no museu que, segundo a ministra, é uma das formas de “garantir que o fascismo nunca mais voltará a existir em Portugal”.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Paulo Ribeiro/ALVORADA (arquivo)