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Município de Alenquer entrega candidatura do ‘Pintar e Cantar dos Reis’ a património da UNESCO

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A Câmara Municipal de Alenquer procedeu à entrega do dossiê de candidatura das tradições do ‘Pintar e Cantar dos Reis’ a Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO.

A candidatura do ‘Pintar e Cantar dos Reis’ de Alenquer à lista representativa do Património Cultural Imaterial da UNESCO deu entrada na Comissão Nacional da UNESCO, estando em processo de avaliação interna”, confirmou à agência Lusa esta entidade pública.

A candidatura fica agora sujeita à análise do grupo de trabalho criado na comissão nacional da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) para acompanhar as candidaturas nacionais ao Património Cultural Imaterial. Até Março de 2026, o Governo terá de escolher a candidatura que irá submeter a nível internacional, depois de a Comissão Nacional da UNESCO avaliar o processo durante um ano.

A Câmara Municipal de Alenquer anunciou esta semana que entregou o dossiê de candidatura à comissão nacional no final de Março, depois do trabalho em torno dela nos últimos três anos, com o apoio de duas empresas de consultoria. O município contabilizou cerca de 1.500 horas de investigação, recolha documental e testemunhal e de muito trabalho em torno desta tradição. É uma oportunidade única para reconhecer, valorizar, salvaguardar e promover uma tradição cultural rica e significativa, afirmou Cláudia Luís, vereadora da Cultura, citada numa nota de imprensa da autarquia.

O município alenquerense pretende garantir a sua continuidade para as futuras gerações, investir na identidade cultural e na memória colectiva e reconhecer o esforço e o trabalho de gerações em manter e preservar a tradição. O ‘Pintar e Cantar dos Reis’ promove a coesão social, o convívio intergeracional e o sentimento de pertença à comunidade. O reconhecimento pode fortalecer ainda mais estes laços. A valorização desta tradição pretende inspirar novas formas de expressão artística e cultural na comunidade. Acredito ainda que a candidatura e eventual inscrição podem servir como ferramenta educativa, sensibilizando as novas gerações para a importância do património cultural imaterial e para a diversidade cultural, sustentou a autarca.

Em Julho de 2021, as tradições do ‘Pintar e Cantar dos Reis’ passaram a integrar o inventário nacional do património cultural imaterial, segundo o anúncio publicado em Diário da República pela então Direcção-Geral do Património Cultural. A candidatura foi apresentada em 2016 pelo Município de Alenquer, o concelho do país onde essas tradições têm maior expressão e ainda subsistem, mas estão em risco por existir uma menor adesão aos grupos de pessoas.

Na noite de 5 para 6 de Janeiro, cantam-se os reis de porta em porta, em alguns locais do país. Contudo, em algumas terras do concelho de Alenquer, são também pintados nas paredes das casas símbolos e desejos de felicidades para o ano que começa. Os reiseiros, nome pelo qual são apelidados todos aqueles que fazem cumprir o ritual, dividem-se em dois grupos: o primeiro dos quais segue munido de lanternas, pincéis e tintas e marca o trajecto com pinturas, a vermelho e azul, de corações e vasos floridos, estrelas, símbolos de profissões - como uma balança ou um martelo - ou da sigla B. R., que quer dizer ‘Bons Reis’. O segundo grupo, após o apontador cantar a solo, entoa melodias e deixa votos de felicidades para o Ano Novo.

De acordo com o Município de Alenquer, a tradição mantém-se viva em zonas como Catém, Casal Monteiro, Ota, Abrigada, Olhalvo, Pocariça, Mata e Penafirme, Cabanas de Torres e Paúla, cobrindo cerca de um terço da área deste concelho do Oeste. Há ainda memória de se terem pintado e cantado os Reis em Meca, Espiçandeira, Canados, Bogarréus, Fiandal, Bairro, Estribeiro, Valverde, Calçada, Pereiro, Aldeia Gavinha e Penedos.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Direitos Reservados (arquivo)