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Autarcas do Oeste das desagregações de freguesias de indignados com veto ao diploma do Presidente da República

Presidencia da Republica III

Os autarcas das freguesias da região Oeste que iriam ser desagregadas mostraram-se hoje “indignados” e “admirados” com o veto do Presidente da República (PR) ao decreto do Parlamento sobre a matéria.

Fiquei particularmente indignado com esta situação toda, porque finalmente tinham sido ouvidas as populações para que chegássemos a um bom porto de desagregação após uma luta de muito tempo, desde 2013”, afirmou à agência Lusa Nuno Cosme, presidente do executivo da União das Freguesias de A-dos-Cunhados e Maceira, a segunda maior freguesia do concelho de Torres Vedras. O autarca eleito pelo Partido Socialista disse não compreender os argumentos do veto presidencial e aponta antes para uma “convicção” que Marcelo Rebelo de Sousa mantém há vários anos, ao discordar de desagregações em ano de eleições autárquicas.

O veto presidencial desagradou igualmente a João Tomás, presidente do executivo da União das Freguesias de Dois Portos e Runa (PS), que também se iria desagregar no mesmo concelho oestino.

Também citado pela agência Lusa, Pedro Margarido, presidente do executivo da União das Freguesias da Lourinhã e Atalaia (PS), no concelho da Lourinhã, disse que “ficou muito admirado porque tudo previa que ele [PR] ia promulgar esta lei em virtude de o processo ter passado pela Assembleia da República com uma maioria grande dos deputados a aprová-la”.

Os autarcas defenderam que o processo de desagregação seria “pacífico”, tendo em conta o calendário definido. “O problema não será o calendário, que acho que é pacífico e íamos cumprir na íntegra. No nosso caso não é por aí”, disse o autarca de Dois Portos e Runa. Nuno Cosme sublinhou que “as sedes e os serviços continuavam a funcionar” em cada uma e que bastaria “definir verbas, funcionários e equipamentos que, em muitos casos, já existiam antes de 2013”, aquando da agregação. “Não estamos a tratar de novas freguesias, estamos a falar de freguesias que já existiram, que tinham estruturas, já sabiam caminhar sozinhas, ou seja, não vamos redesenhar nada de novo”, sublinhou.

No caso da União das Freguesias da Lourinhã e Atalaia, isso não se punha, porque nós temos um inventário das coisas quando foi a agregação e outro das coisas que foram compradas após e havia muito tempo para a desagregação antes das eleições”, afirmou por seu turno o autarca da Lourinhã.

O Parlamento aprovou a 17 de Janeiro a reposição de 302 freguesias por desagregação de 135 uniões de freguesias criadas pela reforma administrativa de 2013.

O Projecto de Lei teve os votos a favor dos proponentes PSD, PS, BE, PCP, Livre e PAN, e ainda do CDS-PP, o voto contra da Iniciativa Liberal e a abstenção do Chega. Esta quarta-feira, o Presidente da República vetou o diploma, duvidando da "capacidade para aplicar as consequências do novo mapa já às eleições autárquicas de Setembro ou Outubro deste ano, daqui a pouco mais de seis meses". O chefe de Estado apontou ainda "a falta de compreensão ou transparência pública do processo legislativo" e considerou que a desagregação de freguesias determinada por este decreto é "contraditória com a linha dominante, inspirada pelas instituições europeias". Marcelo Rebelo de Sousa recordou ainda que o Parlamento pode confirmar o decreto. Caso a Assembleia da República confirme o texto do diploma por maioria absoluta dos deputados em funções, o Presidente da República tem, obrigatoriamente, de promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar da sua recepção (artigo nº 136 da Constituição da República Portuguesa).

A reforma administrativa de 2013 reduziu 1.168 freguesias do continente, de 4.260 para as actuais 3.092, por imposição da ‘troika’ em 2012.

Texto: ALVORADA com agência Lusa