Pesquisa   Facebook Jornal Alvorada

Assinatura Digital

Município de Alenquer inaugura Centro Interpretativo do Canhão Cársico da Ota

alenquer

O Centro de Interpretação do Canhão Cársico da Ota, um monumento natural no concelho de Alenquer formado por calcários com mais de 150 milhões de anos, é inaugurado esta quinta-feira. De acordo com informação dada à agência Lusa pela autarquia oestina, o centro interpretativo conta com áreas dedicadas à geodiversidade do canhão, à arqueologia, à biodiversidade e a projectos desenvolvidos no espaço sobre conservação da águia-de-bonelli, monitorização da flora, estudo sobre insectos polinizadores, estudo sobre borboletas nocturnas, acções de recuperação ecológica e estudo sobre os efeitos do Pinheiro de Alepo nas comunidades de répteis.

O Canhão Cársico da Ota, um conjunto geomorfológico formado há milhões de anos, em bom estado de conservação e disperso por uma área de 316 hectares, está classificado como Monumento Nacional Local desde 2019 e integra a Rede Nacional de Áreas Protegidas desde 2022. O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) considerou o espaço “um dos mais interessantes vales em canhão das regiões calcárias portuguesas, com escarpas a pique e cones de cascalheiras”, já que integra desde 2014 o Inventário de Geossítios de Relevância Nacional, explicou o município. Esta zona natural possui ainda um “curso de água sazonal que nasce na Serra de Montejunto e que percorre a Serra da Ota, onde se formaram inúmeras cascalheiras ao longo de 2,5 quilómetros, devido à erosão flúvio-cársica das paredes verticais que formam actualmente o Canhão”.

O Canhão Cársico de Ota reúne um conjunto de valores naturais, “constituindo um dos mais valiosos tesouros do património natural, histórico e cultural de Alenquer”, ao apresentar “um vale escarpado, estreito e profundo com vertentes abruptas, resultado da acção erosiva do rio no calcário do Jurássico Superior”, com 250 milhões de anos. O conjunto geomorfológico e o seu excelente estado de conservação abrigam comunidades vegetais e elementos biológicos de grande importância para a conservação da biodiversidade. No local, foram identificados 11 tipos de ‘habitats’ e uma fauna diversificada, nomeadamente espécies de aves.

Os calcários do Canhão Cársico formaram-se há 250 milhões de anos, aquando da separação dos continentes e da consequente abertura do Atlântico Norte, sendo por isso aí descobertos fósseis marinhos de seres já extintos, como corais. Ao longo de milhares de anos, o processo de carsificação foi alargando fraturas e criando cavidades nas rochas como grutas, lapas e algares. Face aos recursos naturais existentes, a zona contou com ocupação humana desde o neolítico para o calcolítico até à Idade Média, tendo sido identificados e recolhidos vestígios. Já em 2019, após escavações, arqueólogos portugueses e espanhóis descobriram uma muralha monumental, uma das maiores do país do período Calcolítico, com quatro a cinco mil anos, os primeiros vestígios de um povoado pré-histórico.

Texto: ALVORADA com agência Lusa