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Próxima colheita de pêra rocha deve subir para 115 mil toneladas mas fica aquém de ano normal revela ANP

ANP PERA ROCHA

A colheita de pêra rocha deverá ultrapassar este ano as 115 mil toneladas, registando um aumento em relação ao ano passado, mas ainda abaixo da produção normal para o país, estimou a ANP - Associação Nacional de Produtores de Pêra Rocha, com sede na Sobrena, no concelho do Cadaval.

Depois de “dois anos com quebras muito significativas de produção” de pêra rocha a nível nacional, a estimativa para a colheita 2024 é de que “em relação a um ano normal continua a haver quebra, mas a campanha poderá resultar na apanha de mais cerca de 15 toneladas do fruto”, disse à agência Lusa o presidente da direcção da ANP, Filipe Ribeiro. “Se tudo correr bem até à colheita” a campanha, que no ano passado rondou 100 mil toneladas de pêra, poderá este ano contar com mais 15 mil toneladas, estimou o responsável pela ANP, lembrando que “imponderáveis” como os registados nos últimos anos, entre os quais as doenças (sobretudo o fogo bacteriano) e um ‘escaldão solar’, poderão gorar a expectativas dos produtores.

À semelhança dos dois últimos anos, em que, apesar da quebra de produção, em termos de vendas “se conseguiu evitar uma tragédia para os produtores”, a ANP está convicta de que este ano se registará “um aumento das exportações” que têm gerado receitas anuais na ordem dos 85 milhões de euros, com esta pêra certificada com DOP - Denominação de Origem Protegida da União Europeia, a ser exportada para mais de 20 países, com três destinos principais a ocuparem o pódio: Europa (50%), Marrocos (20%) e Brasil (20%).

Estes são dados que a ANP vai levar ao Interpera, o maior congresso internacional dedicado ao debate de dois dias sobre a pêra, agendado para quarta e quinta em Óbidos. O encontro, que acontece pela segunda vez em Portugal, “realiza-se cerca de um mês a mês e meio antes da colheita e é o local onde produtores de vários país partilham as expectativas para a campanha desse ano”, explicou Filipe Ribeiro, sublinhando a importância do fórum em que “se discutem os desafios e oportunidades na produção de pêra com diferentes ‘players’ do sector a nível mundial”.

Organizado pela Assembleia das Regiões Europeias Produtoras de Frutas, Legumes e Hortaliças (AREFLH) e pela ANP, este evento realiza-se desde 2008 e será marcado por visitas técnicas a pomares, centrais de distribuição e centros de investigação da região Oeste e, ainda, por debates e mesas-redondas com especialistas nacionais e internacionais em agricultura. Nesta edição estarão em foco temas como as tendências actuais sobre o consumo de pêras, os desafios que o sector enfrenta face às alterações climáticas e os avanços na investigação para mitigar o fogo bacteriano.

Portugal destaca-se como um dos principais produtores de pêra na Europa, já que, segundo o Recenseamento Agrícola do INE de 2019, possui 11.297 hectares dedicados ao cultivo de pereiras, dos quais 84% estão concentrados da região Oeste, abrangendo 2.158 explorações agrícolas. Nos últimos 12 anos, a produção média foi de 174.286 toneladas anuais, das quais 60% são destinadas à exportação. O potencial produtivo ronda as 200.000 toneladas.

Criada em 1993, a ANP representa cerca de 90% dos produtores e da produção de Pêra Rocha em Portugal.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Sofia de Medeiros/ALVORADA (arquivo)