Demissão da Mesa da Assembleia Municipal da Lourinhã: independente José Soeiro acusa PS de postura pobre e pouco coerente
- Categoria: Lourinhã
- 04/05/2025 20:13
Para o deputado José Soeiro, eleito deputado municipal pelo PCP e que decidiu agora passar a independente, o comunicado do PS/Lourinhã acerca da destituição da Mesa da Assembleia Municipal da Lourinhã, ocorrida na madrugada da última quinta-feira, é o resultado do que “acontece a um partido que não ouve” e que “perdeu a ligação às bases, isto é, à população”. Coautor da proposta com a independente Fernanda Marques Lopes que foi aprovada por maioria, o autarca sublinha que “perante um tema de tamanha importância e gravidade naquilo que concerne ao futuro da Lourinhã e, nomeadamente, do órgão deliberativo e fiscalizador do Município da Lourinhã, o presidente da câmara [João Duarte Carvalho] prescindiu de estar na sessão em causa, tendo estado na primeira das duas sessões”.
José Soeiro não tem dúvidas de que o que levou à destituição da Mesa da Assembleia Municipal não foi o pedido de análise de suspeição do mandato do presidente socialista Brian Silva, mas sim “a má gestão directa da mesa e isso ficou mais do que evidente na última sessão de Assembleia Municipal”. “Tal demonstra o quão unificadora é e foi a proposta supramencionada. Aliás, a mesa devia ter sido, desde a sua génese, repartida. Tal, para a proposta em causa, funcionaria, inclusive, como uma atenuante”, analisa o eleito municipal. Aliás, na missiva enviada ao ALVORADA, refere ainda que tem pena que a deliberação não tivesse recebido mais votos, “pois uma proposta em que cuja matéria é, sem sombra de dúvida, de extrema importância, na qual a má gestão directa do presidente Brian Silva, foi apresentada com matéria de facto, tinha que ser de amplos consensos pelo bem da democracia, e não de votos por defesa partidária”.
Conclui também, face ao comunicado da estrutura local socialista, que o ALVORADA revelou esta sexta-feira, “para quem lê este texto […] nada diz e pouco acrescenta”, frisando que o partido se encontra “a exercer uma postura pobre e pouco coerente”, demonstrando “bem a sua fragilidade”. “Deixaram de analisar o seu trabalho, perderam o sentido crítico no desenvolvimento da Lourinhã e pior, demonstram que o perderam internamente”, analisa José Soeiro. Critica ainda que o PS/Lourinhã de aludir ao facto de três membros da sua bancada na Assembleia Municipal terem optado por seguir outro caminho político e, nesta votação, terem divergido da sua bancada. “Não se publica em jornal, não se faz campanha, nem se passa para fora um problema estrutural de uma organização para tentar mitigar um problema que realmente existe dentro de uma organização. Por tal, saí do PCP, pese embora a pouca ou nenhuma ligação que o partido me deu no exercício de todo o mandato”, justifica. Pelo que não o surpreende de “muitos quererem abandonar o projecto socialista, quando um presidente da Assembleia Municipal quer ser presidente à força, não porque reúne a confiança dos partidos, nem da população”.
José Soeiro revela ainda o facto de que Brian Silva “foi avisado que, perante a gravidade da proposta, ou se demitia ou seria levada a proposta à assembleia”. “O nosso objectivo com esta consideração era proteger a sua candidatura autárquica. Mas parece que se querem esquecer daquilo que foi discutido. Querem esquecer, omitir e confundir a população relativamente aos motivos que levaram Brian Silva à sua destituição, e apenas discutir e limitar a proposta a um dos temas que é um pedido de análise de suspeição. Brian Silva sabia que a oposição não poderia, à partida, apoiá-lo. E sabia desde o início da discussão, porque sabe que a sua má gestão direta era e tornou-se mais do que notória. Tal consideração era partilhada e tinha já sido partilhada por todos os partidos”, justifica ainda o autarca.
Envia ainda “um abraço solidário e de muita coragem porque merecem” aos três eleitos socialistas que, segundo o PS/Lourinhã e sem mencionarem nomes, votaram contrariamente ao que tinha sido decidido pela bancada. “Parece-me de mau tom atacarem tão ferozmente pessoas que foram cruciais no desenvolvimento das suas freguesias, e, por consequência, no cimentar do projecto político do Partido Socialista”, lamenta José Soeiro. E quanto ao futuro, reafirmando que não será candidato nas próximas eleições autárquicas, espera que a nova Mesa da Assembleia Municipal que entrará em vigor no prazo de um mês, “desempenhe as suas funções de acordo com o que é exigido pelo regimento, estando sempre disponível para apoiar”.
Depois de ter sido destituída a Mesa da Assembleia Municipal da Lourinhã, foi depois eleita a Mesa Eleitoral, de acordo com o Regimento da Assembleia Municipal, que será agora responsável por conduzir o processo eleitoral para a eleição da nova mesa. A mesa cessante, que continua até lá em funções, reunirá na próxima segunda-feira, pelas 21h00, para acertar os pormenores da convocação da próxima sessão extraordinária da Assembleia Municipal, que terá de reunir no espaço de um mês.
Texto: ALVORADA