Investigadores do Museu da Lourinhã descobrem novas informações sobre a Idade do Gelo em Portugal
- Lourinhã
- 11/11/2024 15:56
Um novo estudo feito por investigadores da Universidade NOVA de Lisboa, do Museu da Lourinhã e da Universidade da Corunha (Espanha) reviu os restos de animais mais antigos do período da Idade do Gelo encontrados em Portugal e apresentou uma nova jazida com mais de meio milhão de anos de antiguidade. Estas localidades estão situadas a Sul de Portugal, no Algarve, nos concelhos de Loulé e Silves (parte do Aspiring Geoparque Algarvensis) e no concelho de Tavira.
Apesar do material de pequenos vertebrados da localidade de Morgadinho (Tavira) descoberto em 1984 não poder ser localizado e reestudado, foi possível rever o material procedente da jazida de Algoz (Silves) que está depositado no museu Geológico de Lisboa.
Darío Estraviz-López, o primeiro autor do estudo, estudante do doutoramento em Geologia na Universidade NOVA de Lisboa e investigador do Museu da Lourinhã refere num comunicado enviado ao ALVORADA que o material pertence a duas espécies de veados extintas. “A primeira, conhecida como Metacervocerus rhenanus é semelhante a um gamo actual e a segunda, pertence ao género Eucladoceros, um veado com hastes muito particulares e semelhantes a um arbusto”. O investigador adianta que “além destes veados, foram também encontrados em Algoz, restos de um hipopótamo de uma espécie extinta, ainda maiores que o tamanho de um hipopótamo atual e restos de uma lebre ou coelho”.
Além destes restos, este estudo também apresentou uma nova localidade do Plistocénico Inferior, Santa Margarida, situada no concelho de Loulé. Esta localidade apresenta apenas restos de pequenos vertebrados, como ratos e musaranhos. Apesar de serem animais pequenos, a sua importância pode ser até maior do que de animais grandes, pois são muito úteis para determinar a idade das jazidas. Assim, foi possível graças aos mesmos, descobrir que a localidade tem uma antiguidade de cerca do milhão de anos. “Encontrámos duas espécies de roedores que nunca tinham sido descobertas em Portugal, que são típicas do Plistocénico inferior, o que mostra que esta jazida é realmente antiga” diz Darío Estraviz-López.
Segundo referiu ao nosso jornal um comunicado do Museu da Lourinhã, estas descobertas permitem “colmatar lacunas que existem do conhecimento do Plistocénico em Portugal e servirão como fundações para futuros estudos”.
Em Portugal têm sido descobertos inúmeros restos de animais da idade do gelo (época conhecida como Plistocénico e que abrange os últimos dois milhões e meio de anos). Contudo, a grande maioria são da parte mais recente deste período, dos últimos 120.000 anos. A parte mais antiga do Plistocénico, conhecido como Plistocénico Inferior, abrange entre os 2 milhões e meio de anos e os 758.000 anos atrás. Este período é muito conhecido na parte oriental da Península Ibérica, com alguns locais de importância mundial como Atapuerca ou Orce. Ainda assim, este mesmo período é um mistério em Portugal e na parte Ocidental da Península Ibérica em geral, devido às poucas jazidas, conhecidas desta idade.