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Milhares de pessoas em Roma participam na missa exequial do Papa Francisco

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Milhares de fiéis anónimos e mais de uma centena meia de delegações oficiais estrangeiras assistem, na Praça de São Pedro, no Vaticano, às exéquias do Papa Francisco, presididas pelo decano do colégio cardinalício, Giovanni Batistta Re.

As cerimónias iniciaram-se com o rito de entrada, com a deposição do caixão com o corpo do pontífice argentino frente ao altar do recinto, quanto era entoada em latim a antífona “Concedei-lhe, Senhor, o descanso eterno e fazei brilhar sobre ele uma luz perpétua”. A missa exequial conta com cerca de 980 concelebrantes - cardeais, bispos e sacerdotes.

Durante a cerimónia litúrgica, a Oração dos Fiéis tem uma das preces em língua portuguesa, segundo o guião disponibilizado pelo Vaticano. “Pelos povos de todas as nações: que, praticando incansavelmente a justiça possam estar sempre unidos no amor fraterno e busquem incessantemente o caminho da paz”, é a oração proferida em português.

O Papa Francisco morreu na segunda-feira, aos 88 anos, depois de 12 de pontificado.

Cerimónia privada de sepultamento terá um português como testemunha

O cónego português António Saldanha, da Basílica romana de Santa Maria Maior, será um dos poucos a acompanhar o sepultamento privado do Papa hoje, cujo caixão guarda uma nota biográfica oficial que refere o seu combate aos abusos sexuais.

Para mim este é um capítulo da incontornável história”, disse à Ecclesia o sacerdote, que integra o capítulo que gere Santa Maria Maior, uma das quatro basílicas papais e aquela que Francisco escolheu para ser a sua sepultura final. “Como português e como padre, sinto-me particularmente feliz, embora a circunstância seja a de acompanhar os últimos actos públicos das cerimónias fúnebres do Papa Francisco”, explicou o sacerdote açoriano do Faial.

António Saldanha recordou a devoção mariana de Francisco, salientando que, “antes de ser Papa, já visitava a Basílica na qualidade de bispo, também na qualidade de sacerdote e de jesuíta”. “É natural que um latino seja devoto a Nossa Senhora, por razões históricas, por razões ligadas também à tradição da evangelização naquele contexto. Portanto, penso que é um epílogo muito feliz, de toda uma série de actos, de momentos, que ele viveu naquela basílica”, que visitou 126 vezes, na qualidade de Papa.

O caixão foi selado na sexta-feira à noite e no seu interior foi colocado um documento oficial, que conta a sua história de Francisco, validada pela Santa Sé e que é uma tradição do Vaticano para deixar às gerações futuras o perfil do pontífice. A nota biográfica, o ‘Rogito’, incluiu o percurso de Jorge Mario Bergoglio, desde Buenos Aires, e deu destaque ao seu pontificado. O Papa “tornou mais severa a legislação relativa aos crimes cometidos por representantes do clero contra menores ou pessoas vulneráveis”, refere a nota, onde se pode ler que “Francisco deixou a todos um testemunho admirável de humanidade, de vida santa e de paternidade universal”.

Conforme a tradição, a acompanhar o rolo com a nota biográfica foi colocado um saco de moedas e medalhas cunhadas durante o pontificado, tendo sido depois tudo selado com o selo do Departamento das Celebrações Litúrgicas. Bergoglio “foi um pastor simples e muito amado na sua arquidiocese, que percorria de um lado a outro, mesmo no metro e nos autocarros”, morava num “apartamento e preparava o seu jantar sozinho, porque se sentia uma pessoa comum”, pode ler-se no documento. Após a eleição, destaca a nota, Francisco optou por viver na casa de Santa Marta “porque não podia prescindir do contacto com as pessoas” e tinha o hábito de ir “às prisões, aos centros de acolhimento para deficientes ou toxicodependentes”.

No diálogo inter-religioso, o Vaticano salienta que Francisco “exerceu o ministério petrino com incansável dedicação ao diálogo com os muçulmanos e com os representantes de outras religiões, convocando-os por vezes para encontros de oração e assinando declarações conjuntas em favor da concórdia entre os membros de diferentes credos”. A pandemia também não é esquecida e o momento em que “quis rezar sozinho na Praça de São Pedro, cujo colunata simbolicamente abraçava Roma e o mundo, pela humanidade amedrontada e ferida pela doença desconhecida”. Sobre a “guerra mundial aos bocados” que referiu ao longo do seu pontificado, a nota evoca os seus “numerosos apelos à paz” e a condenação dos conflitos “em vários países, especialmente na Ucrânia, mas também na Palestina, Israel, Líbano e Mianmar”.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: Vaticannews