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Chefes de estações e da distribuição apelam à não adesão à greve de sexta-feira nos CTT

          

CTT embalagem

Os chefes de estação dos correios e responsáveis de distribuição manifestaram hoje “estupefação e total discordância” com a greve da próxima sexta-feira nos CTT, considerando que tem “motivações ideológicas e políticas” e apelando à não-adesão dos trabalhadores.

“É com um sentimento de sentimento de estupefação e total discordância que a ANCEC [Associação Nacional dos Chefes de Estação dos Correios] e a ANRED [Associação Nacional de Responsáveis de Distribuição] encaram a greve geral convocada por algumas organizações sindicais, várias das quais afectas e filiadas da CGTP-IN, para o próximo dia 19 de Novembro”, sustentam as associações socioprofissionais em comunicado.

Considerando que o protesto “tem na sua base motivações claramente ideológicas e políticas”, notam que “surge, evidentemente, no contexto da crise e disputa política que o país está a viver, dando um exemplo do que não deve ser o sindicalismo, colocando os seus interesses políticos e ideológicos acima dos interesses dos trabalhadores, dos seus colegas e da sua empresa”.

“Existem alguns problemas nos CTT? Sim, tal como existem naturalmente em qualquer grande empresa, sobretudo quando se está em avançada fase de transformação e adaptação à nova realidade do digital e dos novos hábitos de consumo decorrentes da mesma”, sustentam as associações, assegurando que têm “vindo a dar nota de vários desses problemas à Comissão Executiva dos CTT, para que possam ser resolvidos”.

Embora considerando a greve “um direito fundamental e constitucional dos trabalhadores”, a ANCEC e a ANRED entendem que a paralisação agora convocada “não resolve qualquer problema”: “Pelo contrário, cria e aumenta os problemas e prejudica os portugueses e em nada contribui para a união de todos e para o esforço colectivo que temos que prosseguir para assegurar o crescimento e o desenvolvimento sustentado dos CTT e dos seus postos de trabalho”, refere.

As associações enaltecem “a capacidade de resposta dos profissionais dos CTT e das empresas do grupo” ao longo dos últimos perto de dois anos de pandemia, defendem que “este tipo de ações sindicais são inoportunas e que, por razões puramente políticas e ideológicas, procuram a deterioração do serviço postal e da sua qualidade, a destruição da empresa e, assim, também dos postos de trabalho”. Assim, apelam aos trabalhadores dos CTT e das suas empresas subsidiárias para que digam “não a prejudicar os portugueses que recebem o correio e as encomendas em suas casas”, “não a mais instabilidade em cima da instabilidade que o país e os portugueses atravessam” e “não a esta greve”.

Criada em 1988 por profissionais da rede de atendimento dos CTT, a ANCEC tem como associados 220 gestores de estações de correios, que diz coordenarem uma actividade que envolve mais de 600 pessoas a nível nacional (continente e ilhas).

A ANRED foi constituída em 1994 por profissionais da rede de distribuição dos CTT, agregando os gestores dos centros de distribuição postal, os supervisores de distribuição, os técnicos e quadros superiores de organização postal, num total de mais de 500 associados que diz coordenarem uma actividade envolvendo mais de 6.000 pessoas a nível nacional (continente e regiões autónomas).

A Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans) anunciou em 29 de Outubro uma greve dos trabalhadores dos CTT para o dia 19 de Novembro, contra “a destruição dos CTT”, a “deterioração do serviço postal” e pelo aumento dos postos de trabalho e salários. Para o mesmo dia foi ainda marcada uma manifestação nacional em Lisboa. “Vamos lutar contra a destruição dos CTT que está a ser levada a cabo por esta administração, contra a deterioração do serviço postal, pelo aumento dos postos de trabalho, que é facto fundamental para prestar um serviço de qualidade, pelo aumento dos salários e pela manutenção dos direitos”, referiu a Fectrans num comunicado então divulgado.

Segundo a federação, a paralisação e protesto pretendem atingir “salários justos e dignos” bem como a “admissão de trabalhadores efectivos” e a “alteração do modelo organizacional em todos os sectores da empresa”. A Fetrans apela ainda a um “serviço postal com qualidade, assegurado pelo Estado português” e protestou contra “o assédio e perseguição aos trabalhadores”.

Os trabalhadores dos CTT também estiveram em greve há um ano, reivindicando aumentos salariais e reforço de colaboradores para o serviço postal, distribuição e chefes de estação.

Texto: ALVORADA com agência Lusa
Fotografia: CTT