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Programa LIFE distingue projecto português da ‘fruta feia’ que abrange produtores do Oeste

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O projecto português ‘Flaw4life’, de aproveitamento da ‘fruta feia’, recebeu hoje o prémio LIFE para o Ambiente da União Europeia (UE), sendo também o mais popular entre o público. O projecto, salienta a representação da Comissão Europeia em Portugal, em comunicado, reduziu até agora o desperdício alimentar em mais de 2.300 toneladas, um valor comparável à quantidade anual de alimentos desperdiçados por 13.000 pessoas. Entre os 257 produtores que integram a cooperativa ‘Fruta Feia’, 46 são da região Oeste, estando assim distribuídos por concelhos: Torres Vedras (19); Alcobaça e Óbidos (5); Bombarral e Cadaval (4); Alenquer e Caldas da Rainha (3); Lourinhã (2); e Sobral de Monte Agraço (1). Os produtores do concelho da Lourinhã são a empresa ‘Simples & Frescas’ (São Bartolomeu dos Galegos: produz abóboras, batata doce, bróculos, couves, courgete, cenoura e alho francês) e Daniel Mendes (Lourinhã: produz maçã, pêra, pêssego e abóbora).

Os responsáveis da cooperativa ‘Fruta feia’ explicam na sua página oficial que na Europa cerca de 30% das frutas e legumes é desperdiçado devido à aparência. Na origem do projecto está o facto de os consumidores ao irem ao supermercado escolherem a fruta mais bonita, e como os supermercados não vendem a fruta feia deixaram de a comprar aos agricultores, pelo que 30% da fruta ia para o lixo devido à cor, tamanho e formato. A cooperativa de consumo ‘Fruta Feia’ compra directamente aos agricultores os produtos rejeitados pelos supermercados e vende-os aos consumidores em pontos de entrega. Em cada semana cada ponto de entrega com 300 consumidores salva mais de uma tonelada de frutas e legumes.

Os prémios LIFE de 2020 foram hoje entregues no decorrer da ‘Semana Verde da União Europeia’, que decorreu exclusivamente ‘online’ devido à pandemia de Covid-19 e que começou em Lisboa na segunda-feira e continua agora a partir de Bruxelas.

O programa LIFE da UE para o ambiente e acção climática distinguiu três categorias, a do Ambiente, para Portugal, a da Natureza, que premiou um projecto da Eslovénia, e da Acção Climática, para um projecto da Hungria.

Na Eslovénia foi premiada a equipa que geriu e monitorizou as populações de urso pardo nos Alpes, que permitiu uma redução de 43% dos ataques a ovinos e de um quarto do número de ursos afectados pelo tráfico.

E o prémio LIFE para a Acção Climática distinguiu uma equipa que formou professores, assistentes sociais, agricultores e peritos em prevenção de incêndios florestais sobre as formas de reforçar a prevenção de incêndios florestais. O número de incêndios florestais diminuiu um terço e a área ardida quase 90%. Trata-se do projecto ‘FIRELIFE’ desenvolvido na Hungria.

“Todas estas iniciativas mostram que, com um investimento cuidadoso e muito trabalho, a Europa está preparada para enfrentar os enormes desafios climáticos com que nos deparamos”, disse, citado no comunicado, Frans Timmermans, vice-presidente executivo do Pacto Ecológico Europeu.

E o comissário europeu do Ambiente, Oceanos e Pescas, Virginijus Sinkevičius, citado no mesmo documento, diz que estas “histórias de sucesso individuais têm de ser reproduzidas em toda a UE - em velocidade e em escala - a fim de ajudar a UE a cumprir os ambiciosos objectivos do seu Pacto Ecológico Europeu”.

Os prémios LIFE reconhecem os projectos mais inovadores, inspiradores e eficazes nos domínios da protecção da natureza, do ambiente e da acção climática. Os vencedores foram selecionados entre 15 finalistas.

A UE atribuiu ainda um “prémio especial de adaptação à Covid-19” ao projecto ‘PrepAIR’, de Itália, que monitorizou e melhorou a qualidade do ar para 23 milhões de pessoas no Vale do Pó (entre os Alpes e os Apeninos), e ajudou outro projecto italiano a investigar a ligação entre a poluição atmosférica e a propagação da Covid-19.

O programa LIFE é o instrumento de financiamento da UE para o ambiente e a acção climática. Desde 1992 já cofinanciou cerca de 5.400 projectos em toda a UE e em países terceiros. O orçamento para 2014-2020 foi fixado em 3,4 mil milhões de euros, e para o próximo orçamento (2021-2027) a Comissão propõe aumentar o financiamento em quase 60%.

Texto: ALVORADA com agência Lusa