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Pêra Rocha do Oeste incluída no acordo histórico da UE e China que protege as indicações geográficas europeias

Pera Rocha ANP

A Pêra Rocha do Oeste está incluída no acordo bilateral que visa proteger contra a imitação e a usurpação 100 indicações geográficas europeias no mercado chinês e 100 indicações geográficas chinesas no mercado europeu, que foi assinado hoje pela União Europeia com a China. O Governo Português está neste momento a concluir o processo da exportação da laranja portuguesa para aquele país asiático, para depois começar com as negociações com o Estado chinês para que os produtores de pêra rocha do Oeste possam começar a exportar para este país.

Este acordo, inicialmente celebrado em Novembro de 2019, deverá trazer vantagens comerciais recíprocas e oferecer produtos de qualidade garantida aos dois lados. O acordo reflecte o empenhamento da UE e da China de honrarem os compromissos assumidos em anteriores cimeiras UE-China e de aplicarem as regras internacionais como base para as relações comerciais, destaca em comunicado enviado ao ALVORADA pela Representação da Comissão Europeia em Portugal. Na sequência da sua assinatura deste e acordo e uma vez aprovado pelo Parlamento Europeu, o acordo será oficialmente adoptado pelo Conselho, devendo entrar em vigor no início de 2021.

Janusz Wojciechowski, comissário responsável pela pasta da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, declarou que “constato com orgulho que a entrada em vigor deste Acordo está cada vez próxima, o que reflecte o nosso compromisso de trabalhar em conjunto com os nossos parceiros comerciais mundiais, como é o caso da China. Os produtos com indicações geográficas europeias são conhecidos pela sua qualidade e diversidade, sendo importante assegurar a sua proteção a nível da UE e à escala mundial, de modo a garantir a sua autenticidade e preservar a sua reputação. Este acordo contribui para alcançar este objectivo, reforçando também as relações comerciais UE-China, com benefícios para o setor agroalimentar e para os consumidores de ambos os lados”.

Para a EU, o mercado chinês apresenta um grande potencial de crescimento para o sector europeu da alimentação e bebidas. Em 2019, a China foi o terceiro destino dos produtos agroalimentares da UE, atingindo os 14,5 mil milhões de euros. A China é também o segundo destino das exportações de produtos da UE protegidos enquanto indicações geográficas, incluindo os vinhos, os produtos agroalimentares e as bebidas espirituosas, que representam 9 % em valor. “Além disso, graças a este acordo, os consumidores europeus poderão descobrir as verdadeiras especialidades chinesas”, afiança a UE.

A lista das indicações geográficas da UE que serão protegidas na China inclui produtos icónicos - Cava, Champagne, Feta, Irish whiskey, Münchener Bier, Ouzo, Polska Wódka, Porto, Prosciutto di Parma e Queso Manchego. Quanto aos produtos chineses, a lista inclui, por exemplo, a Pixian Dou Ban (pasta de feijão da região de Pixian), o Anji Bai Cha (chá branco de Anji), o Panjin Da Mi (arroz de Panjin) e o Anqiu Da Jiang (gengibre de Anqiu). A lista dos produtos portugueses incluídos neste acordo, para além da pêra rocha do Oeste, inclui os vinhos certificados do Alentejo, Dão, Douro, Porto e Vinho Verde.

Quatro anos após a sua entrada em vigor, o acordo abrangerá mais 175 indicações geográficas de ambos os lados. Essas denominações terão de seguir o mesmo procedimento de aprovação (ou seja, avaliação e publicação para apresentação de observações) que as 100 denominações já compreendidas neste acordo.

Com mais de 3.300 denominações registadas como indicações geográficas, a política de qualidade da UE visa proteger produtos específicos, para promover as suas características únicas, associadas à sua origem geográfica e aos modos de produção tradicionais. Há cerca de 1.250 indicações geográficas de países terceiros que estão também protegidas na UE, através de acordos bilaterais similares ao celebrado com a China. Estes acordos protegem igualmente as indicações geográficas da UE nos países parceiros: cerca de 40.000 casos de protecção de indicações geográficas da UE em todo o mundo.

Em termos de valor, o mercado das indicações geográficas da UE atinge cerca de 74,8 mil milhões de euros, correspondendo a 6,8 % dos produtos alimentares e das bebidas produzidas na UE. As exportações, num total de 16,9 mil milhões de euros, representam 15,4 % do total de produtos alimentares e das bebidas da UE. A cooperação UE-China nesta matéria teve início em 2006, tendo resultado na protecção de 10 indicações geográficas de ambos os lados, em 2012. O acordo inicial serviu de base para a cooperação actual.

Texto: ALVORADA
Fotografia: Direitos Reservados